segunda-feira, abril 30, 2007

Dança Contemporânea em debate

Ministra reúne-se com REDE para debater dança contemporânea
 
A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, aceitou este domingo reunir-se com a REDE, que congrega 18 estruturas profissionais, para «debater os problemas da dança contemporânea».
Isabel Pires de Lima deslocou-se a Aveiro para participar nas comemorações do Dia Mundial da Dança, promovidas pelo Teatro Aveirense e pela REDE, associação que integra 18 estruturas profissionais de dança contemporânea e que lhe formulou o pedido para uma reunião conjunta, «com a secretaria de Estado e o Instituto das Artes».
 
Graça Passos, da REDE, declarou à Lusa estar satisfeita com a receptividade de Isabel Pires de Lima ao encontro, porque «é importante que conheça a realidade dos problemas da dança contemporânea e que sejam debatidas soluções».
 
Uma das questões a debater, segundo adiantou Graça Passos, será o novo sistema de apoio às artes, perspectivando-se que, em 2009, com novo regulamento, as estruturas sejam convidadas, enquanto a REDE defende que se deve manter o sistema de concurso.
 
Isabel Pires de Lima salientou o esforço feito pelo governo de não diminuir o orçamento de apoio às artes.
 
«O Ministério teve a opção política de não diminuir o apoio e até de o aumentar. Além dos concursos normais, abrimos a linha Território Artes, pelo que houve um aumento de um milhão de euros», declarou.
 
A ministra reconheceu que «o sector da dança é dos mais frágeis», o que atribuiu a razões culturais e às dificuldades de conquista de novos públicos.
 
Segundo a ministra, «é de incentivar a formação de públicos jovens», num trabalho que «tem de ser desenvolvido de forma continuada».
 
«Nos teatros que tutelamos estamos a procurar desenvolver o serviço educativo, o que é importante para fortalecer o tecido cultural», exemplificou.
 
A ministra realçou também a aposta na descentralização cultural, procurando incentivar a saída das grandes companhias, em colaboração com estruturas independentes e com as câmaras municipais.
Diário Digital / Lusa
29-04-2007 20:21:14
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"Para onde vai a Luz quando se apaga?"

SIC Online - "Para onde vai a Luz quando se apaga?"

domingo, abril 29, 2007

Ainda acerca do D.M.da Dança

Ainda sobre o Dia da Dança, escreve, como sempre no Correio da Manhã, o meu polémico amigo Antonio Laginha.
Em Portugal e no mundo assinala-se hoje a data
Dia Mundial da Dança

Criado em 1982 pela UNESCO, o Dia Mundial da Dança assinala, entre outras coisas, o nascimento do inovador francês do séc. XVIII Jean-Georges Noverre. Anualmente, a instituição difunde uma mensagem encomendada a uma personalidade relevante do mundo da dança.

“GOSTAVA DE TER UM GRUPO MEU"

"Tive uma carreira óptima pois trabalhei sempre com artistas fantásticos. Ainda em criança, um dos primeiros foi Leonide Massine, um ano antes da sua morte. Depois foi com a filha de Nijisnky, que remontou ‘Les Biches’ e ‘Jeux’ para o Ballet de Oakland.” Paulo Manso nasceu em Portugal mas fez carreira nos Estados Unidos, incluindo três anos de estudos na famosa escola de Balanchine, a SAB, em Nova Iorque, e dançando em companhias como a Metropolitan Opera, o Feld Ballet e o Eglevsky Ballet.

A determinada altura começou a actuar como artista convidado de Eduardo Villella, Amanda Mackerow e Gelsey Kirkland. Finalmente, entrou para o Miami City Ballet, como bailarino principal, onde dançou o variado reportório balanchiniano.

“Quando deixei aquela companhia fundei a Manso-Dance, um grupo independente com o qual fiz vários espectáculos nos Estados Unidos até que decidi mudar de ares. Como nasci em Portugal achei que seria o melhor acesso à Europa. Na verdade, precisava de um passaporte para trabalhar com o Ballet de Biarritz. Vim de férias a Lisboa, tratei dos documentos, mas acabei por fazer umas aulas com a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo para não perder a forma. Então fui convidado para substituir, por três meses, uma professora, e fiquei dois anos”, explicou.

Uma vez no nosso país, Manso decidiu coreografar e dirigiu a Companhia de Dança de Aveiro, para a qual criou e também dançou. Actualmente ensina, dança e coreografa para a CêDêCê, em Alcobaça.

“Em Portugal temos a possibilidade de fazer experiências que, hoje, pouco se fazem nos EUA, em que tudo tende a ser mais comercial porque os apoios quase só vêm de instituições privadas. Tenta-se não perder a integridade mas nunca se deixa de ter em conta que trabalhamos para um vasto público”, adianta o bailarino, que não tem grandes dúvidas quanto ao que pretende do futuro: “Não sei se tenho talento para ser um bom coreógrafo. Mas gostava de ter um grupo meu aqui ou nos EUA.”

PERFIL

Nascido no Funchal, Paulo Manso cresceu e formou-se em dança nos EUA. Durante cerca de três décadas dançou com um grupo muito alargado de companhias norte-americanas e fez trabalhos comerciais antes de se fixar em Lisboa. É professor convidado de várias companhias e grupos europeus e foi director da Companhia de Dança de Aveiro.

"EM PORTUGAL HÁ POUCA ESTABILIDADE"

Aos 11 anos, Hugo Marmelada viu, repetidamente, um espectáculo de hip-hop na Expo’98 e até chorou de emoção quando encontrou os bailarinos, que eram franceses.

Entusiasmado, fez um curso de hip-hop no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, tendo continuado neste estilo de dança até ingressar na escola de Setúbal. Ao fim de cinco anos saiu com um diploma de bailarino e encontrou trabalho numa companhia suíça, sob a direcção de um brasileiro. Em simultâneo foi aceite no Quórum Ballet, na Amadora, mas optou por começar a carreira profissional com um projecto menos familiar, investindo no desconhecido.

Actual jovem promessa da dança nacional, Hugo Marmelada tornou-se conhecidos aos 16 anos após ganhar um concurso europeu de dança cujo prémio foi uma viagem aos Estados Unidos. “Concorreram milhares de jovens nas selecções de cada país e entre oito finalistas decidi, em Portugal, a final com uma amiga, a Rita Jackson. Fui aos EUA com a minha mãe e as expectativas eram altas. Não dancei muito mas diverti-me e fiquei um pouco conhecido em Portugal e até no estrangeiro. Quando dou aulas muitas pessoas lembram-se do prémio e fui convidado para fazer algumas exibições de carácter comercial”, explicou ao CM.

Agora com 19 anos, Hugo é profissional no estrangeiro: “Ensaiei durante dois meses e fiz uma digressão de um mês pela Suíça. Éramos um grupo de jovens de seis países europeus e cada um trouxe informações curiosas sobre a dança das suas terras. Como a vertente teatral do meu trabalho ainda não está muito desenvolvida, esperava ter sido mais utilizado num trabalho físico, com mais movimento. A peça intitulava-se ‘Frankenstein!’ e estava à espera de dançar mais”, adiantou.

De regresso a Portugal integrou um novo projecto, no qual trabalha desde Fevereiro, a Tok’Art. Trata-se, como explicou, de um grupo de cinco bailarinos. “Faço este trabalho com muito gosto mas o meu objectivo é continuar a conciliar o hip-hop com a dança contemporânea, possivelmente em França ou na Suécia porque em Portugal não tenho possibilidade de estudar com bons professores e são poucas as companhias que oferecem alguma estabilidade no trabalho”, concluiu.

PERFIL

Nasceu em Lisboa há 19 anos e formou-se na Academia de Dança Contemporânea de Setúbal. Vencedor, em 2003, do concurso europeu MTV Shakedown, participou em Los Angeles num videoclip do cantor Usher. Bailarino contemporâneo e de hip-hop, integrou em 2006 a Companhia Alias do coreógrafo Guilherme Botelho, na Suíça. Actualmente participa no projecto Tok’Art.

MENSAGEM DO DIA POR SASHA WALTZ

“Dança-se em aniversários e casamentos, nas ruas e em salas, nos palcos e nos bastidores. Para comunicarmos alegria e tristeza, como ritual e experiência de fronteira. A dança é uma linguagem universal: emissária de um mundo pacífico para a igualdade, tolerância e compaixão. Ela ensina-nos a sermos sensíveis, conscienciosos e a dar atenção ao momento. É, também, a expressão da nossa vivacidade. Dança é transformação, localiza a alma e confere ao corpo uma dimensão espiritual. A dança permite-nos sentir o corpo, elevar-nos, ir para além dele e ser outro corpo. Dançar é participar activamente na vibração do universo.”

TARIKAVALLI NA MALAPOSTA

Nascida em França e baptizada Maria, tem origens portuguesas e é a única artista profissional que dança e ensina Baharata Natyam no nosso país. Formada em Paris e na Índia, em dança clássica indiana, Tarikavalli reparte a sua actividade artística entre Portugal e França. O seu nome artístico, que significa grinalda de estrelas, foi-lhe dado pelos seus mestres indianos. Para além de dar recitais e de fazer oficinas para crianças e adultos ensina regularmente no Centro de Dança de Oeiras, em Algés.

Esta noite mostra a sua arte, a partir das 21h30, no Teatro da Malaposta, em Olival Basto, com ‘Namaskar’, um conjunto de seis danças rituais com uma ordem pré-estabelecida desde o séc. VII e, em simultâneo, uma homenagem aos professores com quem estudou e dançou.

NOTAS
GALA INTERNACIONAL
A Companhia Nacional de Bailado comemora a data com uma gala internacional, com início às 21h00 no Teatro Camões, ao Parque das Nações.
PERCURSO PELAS MONTRAS
Em Alcobaça, além do espectáculo, a CêDêCê faz um percurso – entre o Convento e o Teatro – pelas montras de lojas que exibem fatos de dança.
MARATONA EM AVEIRO
Performances, conversas e mostras de vídeo com Vera Mantero, Clara Andermatt, Isabel e Né Barros, Tânia Carvalho, Aldara Bizarro e Rui Horta. Teatro Aveirense: 11h00.
AGENDA
ALCOBAÇA: CineTeatro – 21h30
CêDêCê – Memória e Modernidade: ‘And the Story Comes Last’, de Mark Haim, ‘Let’s Dance’, de Paulo Manso, e ‘Homenagem a Karen Bell-Kanner’.
ALGÉS: Centro de Dança de Oeiras – 17h00
Aulas abertas de Biomovimento para jovens e adultos, por Valéria Carvalho.
ALMADA: Teatro Municipal – 21h30
‘aTensão’, de Daniel Cardoso e Tiago Medeiros.
AMADORA: Recreios da Amadora – 21h30
‘Traços Nómadas’, espectáculo de dança oriental e cigana.
BRAGA: 21h30
Encerramento da Semana da Dança.
ESTARREJA: 21h30
A Companhia de Dança de Almada apresenta ‘Submersão do meu Ser’, de Rita Galo.
LEIRIA: Teatro Miguel Franco – 21h30
Projecto Multimédia/Performance ‘DOC. 10’, de Paulo Henrique.
LISBOA: Teatro S. Luiz, Jardim de Inverno – 00h00
‘Rav’Ormance’.
PINHAL NOVO: Aud. biblioteca – 17h00
Final do Minicurso de Dança Contemporânea.
PORTO: Jardim da Arca d’Água – 16h00
Balleteatro, Concerto Dançado pela Fanfarra Recreativa Colher de Sopa.
REDONDO: Centro Cultural – 21h30
Companhia Contemporânea de Dança de Évora, ‘Vida’, de Nélia Pinheiro.
VILA NOVA DE GAIA: Aud. Municipal – 16h00 (Entrada gratuita)
Companhia-Escola do Ginasiano.

Dança em Portugal

Um livro: «História da Dança em Portugal», que li atentamente em meados de 80. Era praticamente o único livro português que havia sobre Dança. O proprio Sasportes depois publicou o "Pensar a Dança", mais centrado e ensaístico, fruto do exílio dourado em Itália, em que elevava sobretudo o Modernismo dos anos 10, de Cocteau e Mallarmé, como um caminho estectico a se desenvolver para a contemporanea Dança Portuguesa. Sem crer o teorico estava a abrir as portas à Nova Dança de oportunistas e arrivistas que recusaram toda a tecnica e academismo, simplesmente porque não tinham nem uma coisa nem outra. Pudera, tinham acabado de chegar! Mas nem assim foram tão originais como isso, porque era sobretudo o Teatro Dança alemão que se copiava. (Pina Bausch, Companhia Rosas)
Sobre o livrinho pequeno, "Historia da Dança em Portugal", publica-se hoje no Jornal da Madeira, este artigo de Marisa Santos:

O acto de dançar pode ser definido como uma manifestação instintiva do ser humano. Já no período da pré-história existem registos de que o Homem executava movimentos ritmados, não só para manter a temperatura do corpo, mas também para comunicar.
A dança é considerada a mais antiga das artes, sendo ainda a única manifestação artística que dispensa quaisquer complementos, ou seja, a dança depende única e exclusivamente do corpo. Através do corpo e da vitalidade humana a dança poderá exprimir a desempenhar a sua função enquanto instrumento de afirmação dos sentimentos e experiências subjectivas do homem.
A dança está desde sempre associada ao amor, à conquista, à sedução, sendo que as primeiras manifestações estavam directamente relacionadas com a conquista do/da parceiro/parceiro.
As danças colectivas assumiam ainda, como acontece actualmente em alguns países que ainda mantêm linhas tribalistas, um carácter ritualista, em que as mesmas eram executadas com o intuito de adoração a entidades superiores, deuses, espíritos, com o intuito de agradar, adquirir forças para uma batalha ou então para aprovisionamento. De entre as várias danças aos deuses realizadas em períodos já passados, destaca-se a Dança da Chuva, comum a várias etnias e civilizações.
Com o apuramento da sensibilidade artística a definição do conceito da dança passou a ser encarado com atribuições estéticas. O Renascimento despertou a sociedade para a dança teatral, a qual foi sendo introduzida nas cortes, nomeadamente o minueto, a valsa e assim sucessivamente até se iniciar a passagem para a dança em grupo ou em pares.
Sendo que hoje comemora-se o Dia Mundial da Dança, o livro em destaque reporta-nos à década de setenta, mais precisamente ao ano de 1970, ano em que foi publicado em Portugal um dos mais completos estudos sobre a dança em Portugal. José Sasportes, historiador de dança, lançou História da Dança em Portugal, uma edição da Fundação Galouste Gulbenkian. Neste livro, Sasportes apresenta o retrato de um país que também tem uma tradição ao nível da dança. Trata-se de uma viagem através dos tempos em que são evidenciados as várias explorações da dança em Portugal, passando pela dança tradicional, uma marca evidente da nossa cultura e que se reflecte as influências de cada região, até à introdução e sensibilização de outros géneros musicais, nomeadamente o ballet clássico. Aqui é de referir o papel e acção da Fundação Calouste Gulbenkian.
Ainda de José Sasportes podemos fazer referência a outros títulos nomeadamente, Trajectória da dança teatral em Portugal (1981), Pensar a dança - a reflexão estética de Mallarmé a Cocteau (1983 - versão italiana 1989), La scoperta del corpo - percosi della danza nel Novecento (1988), Balli teatrali a Venezia (1994, em colaboração com Elena Rufin e Giovanna Trentin) e Dançaram em Lisboa (1994, em colaboração com Helena Coelho e Maria de Assis).

«História da Dança em Portugal»
José Sasportes
Fundação Calouste Gulbenkian
1970

Dia Mundial da Dança

Nesta data em que nasceu Noverre, talvez o primeiro teórico da Dança, comemora-se o Dia Mundial da Dança. Há várias iniciativas, como em muito lado. O principal será talvez o que se passará no Teatro Camões, tanto do lado de fora como de dentro. Cá fora, uma demonstração de desagrado sobre o Estatuto do Artista, e dentro a Gala Internacional de Bailado.
Vejamos o artigo do Expresso de ontem
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Carreira de 25 anos nunca foi consagrada
Bailarinos protestam contra o estatuto do artista
J.F. Palma-Ferreira

Os bailarinos da CNB vão recolher cinco mil assinaturas para uma petição que contam entregar na Assembleia da República para reanalisar a situação de reforma que nunca viram consagrada na Lei.

Os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado (CNB) vão manifestar, no próximo domingo, antes da IV Gala Internacional que realizam no Teatro Camões, em Lisboa, pelo Dia Mundial da Dança, o seu protesto em relação à forma como tem sido conduzido o processo de elaboração do Estatuto do Artista.
"Há mais de 15 anos que este Estatuto está para ser consagrado e as perspectivas que agora nos dão sobre o seu enquadramento legal remetem-nos para uma situação quase precária", considera um dos elementos da CNB que tem acompanhado este processo.
Estes artistas querem agora recolher cinco mil assinaturas para entregarem uma petição à Assembleia da República com o objectivo dos deputados reanalisarem esta questão.
A CNB é actualmente a única grande companhia de dança de reportório em Portugal, com 30 anos de existência, comemorados em Abril de 2007 – atendendo a que o Ballet da Gulbenkian foi extinto no Verão de 2005. “Durante estes 30 anos, a CNB tem sido, sem qualquer dúvida, a estrutura artística, tutelada pelo Estado português, que mais espectáculos realizou por todo o País e que também mais vezes se apresentou no estrangeiro, representando a cultura Portuguesa, sempre com inigualável sucesso”, refere um dos elementos da CNB.
No seu corpo artístico, há já um elevado número de bailarinos que tem entre 20 a 30 anos de prestação, na sua grande maioria, ao mais alto nível. “A exigência física e mental a que foram sujeitos durante as suas carreiras, efectuando um serviço público ao país e à sua cultura, é equiparada à alta competição, e, por isso, a repercussão da prática desta profissão durante tantos anos, torna-se extremamente penalizante para a sua saúde”, observa o mesmo elemento. Apesar de desempenharem uma profissão de desgaste rápido, “estes bailarinos não possuem qualquer tipo de acompanhamento médico especializado”, refere.
Quando comparado o estatuto consagrado aos bailarinos clássicos na maioria dos países da União Europeia, nota-se que, com idênticas condições de trabalho, beneficiam de um sistema de reforma antecipada, concedido entre os 40 e os 45 anos de idade, o que configura carreiras com 25 anos de duração.
Neste sentido, este grupo profissional propôs uma alteração da actual Lei, de forma consagrar a reforma a quem possua uma carreira de 25 ou mais anos, com contribuições de valores acrescidos e com possibilidade de retroactividade. Esta proposta solicitou ainda a criação de um programa de reconversões para actividades condizentes com a sua experiência. Nomeadamente, o ensino da dança nas estruturas oficiais existentes e, ou, a reactivação da Escola da CNB.
Esta proposta, segundo referem, surge na sequência das expectativas que foram criadas aos bailarinos da CNB ao longo dos últimos anos, o que se confirma pelo teor dos próprios programas eleitorais de praticamente todos os partidos políticos.
Os elementos da CNB adiantam que “a elaboração do primeiro projecto de Lei reconhecendo a especificidade desta profissão foi da autoria do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, e remonta a 1994. Em 2001 foram aprovadas – mas não regulamentadas – na Assembleia da República as alterações agora propostas. E em 2004 foi novamente votada favoravelmente esta pretensão”.
Em 2006, a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, reconheceu “a especificidade da actividade destes bailarinos e assumiu o compromisso em encontrar uma solução aplicável, de reformas antecipadas que dignifiquem esta profissão”, acrescenta o bailarino da CNB.
Assim, os trabalhadores da CNB consideram-se confrontados com duas preocupantes realidades. A primeira relaciona-se com a nova administração conjunta da CNB e do Teatro São Carlos, que já constitui a sétima alteração ao Estatuto da Companhia – que ainda desconhecem como projecto artístico e que foi apresentado sem terem sido solucionados problemas estruturais tais como as aposentações, reconversões ou formação de jovens bailarinos.
A segunda realidade preocupante é a da proposta de um novo regime laboral para os artistas de espectáculos. Esta proposta foi revelada com o pretexto de melhorar as condições de outro tipo de artistas, mas o que acontece é que vem piorar ou mesmo tornar precárias as condições de trabalho dos artistas da CNB, criando formas subjectivas de avaliação de “perda de aptidão profissional”. Esta avaliação permitirá que durante as suas carreiras lhes sejam propostas eventuais reconversões ou simplesmente indemnizações indignas.
Os trabalhadores da CNB pretendem “que o reconhecimento do valor destes artistas não se resuma a prémios, condecorações presidenciais ou ao papel de meros acompanhantes ao estrangeiro de presidentes e ministros”, refere o elemento citado. Neste sentido, tomam a iniciativa pública de denunciar a situação em que continuam a trabalhar, sem a consagração de um Estatuto de Artista que responda aos problemas decorrentes do desgaste rápido da sua profissão.
Assim, pretendem recolher as 5.000 assinaturas necessárias para levar a questão à Assembleia da República, atendendo à preocupação sentida com o Projecto de Lei que regulamenta a actividade dos artistas de espectáculo, recentemente aprovado em Conselho de Ministros.
“Este documento levanta algumas dúvidas e preocupações aos bailarinos da CNB, nomeadamente no que diz respeito ao seu artigo 18.º que regulamenta a reclassificação destes artistas – apesar de, numa reunião com representantes da CNB, que teve lugar a 11 de Abril de 2007, os elementos do Governo nos terem afirmado que esta reclassificação não se aplica aos trabalhadores da CNB. A verdade é que em nenhuma parte deste documento se salvaguarda esta afirmação”, acrescenta a mesma fonte.
Por isso, consideram que fica em aberto toda a sua avaliação sobre a sua valia profissional e a possibilidade dos respectivos contratos de trabalho serem rescindidos arbitrariamente. “Não sabemos quem decidirá sobre a nossa capacidade ou incapacidade profissional, o que fundamentará a decisão de terminar ou reconverter uma carreira, deixando esta avaliação dependente da subjectividade de uma pessoa ou grupo de pessoas”, refere o mesmo elemento.
No caso de serem confrontados com uma reconversão profissional, consideram que o documento em causa não faz qualquer referência à criação de possibilidades práticas para que essa reconversão se realize. Por outro lado, o documento refere que, “no caso de o trabalhador não aceitar a reclassificação proposta pelo empregador ou de não existirem outras funções compatíveis com as suas qualificações profissionais, o contrato de trabalho caduca.”. Ou seja, não dá ao trabalhador qualquer tipo de opção uma vez que a mera não-aceitação leva à caducidade do seu contrato.
Instado pelo Expresso a comentar esta situação, o secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, garantiu que é uma preocupação do actual Governo consagrar um estatuto digno para a carreira dos bailarinos e que a regulamentação deste projecto de Lei terá de ser feita pela Segurança Social em diploma específico, aplicável apenas aos bailarinos. Esta questão deverá enquadrar o período de carreira do bailarino e especificar o seu estatuto de desgaste rápido, mas Vieira de Carvalho não adiantou mais pormenores, explicando que essas matérias não são tuteladas pelo seu ministério.
Mesmo assim, o secretário de Estado considera que o recente enquadramento legal aprovado em Conselho de Ministros já é mais favorável que o regime geral do Código do Trabalho, pois permite o pagamento de indemnizações no caso do empregador invocar e comprovar que o trabalhador está desadequado às funções que exerce.

sexta-feira, abril 27, 2007

Kamu Suna de César Moniz

in UNIÃO, jornal OnLine Açoriano
Auditório da Praia - Ballet “Kaminari” une civilizações
No mês dedicado à Dança, o Auditório do Ramo Grande apresenta no próximo sábado, dia 28 de Abril pelas 21H30m, o espectáculo de dança contemporânea "Kaminari" pela KAMU SUNA Ballet Company.A KAMU SUNA Ballet Company foi fundada em Lisboa em Janeiro de 2006 pelo Primeiro bailarino e Coreógrafo do Ballet Gulbenkian César Augusto Moniz. Esta Companhia de Dança Contemporânea “irrompe das nossas raízes ancestrais para unificar a multiplicidade de linguagens de expressão, fortemente inspiradas no reencontro do Oriente com o Ocidente. Reflecte a visão pós-moderna numa perspectiva artística / holística, que pesquisa momentos significativos na história da humanidade como a chegada dos Portugueses ao Japão em 1459”, explicam os promotores.O espectáculo “kaminari - Trovão” foi estreado em Abril de 2006 no Teatro Camões em Lisboa.“Num diálogo entre movimento, música e imagens visuais, a Companhia desenha-se livre de preconceitos, diferente e igual a si própria, a caminho de uma nova concepção do Mundo, onde a inovação e a criatividade propõem a cada espectador uma reflexão que pode induzir a um processo de transformação pessoal, social e cultural”.

quarta-feira, abril 11, 2007

Um Pas de Deux acrobático