quarta-feira, junho 27, 2007

Ultimas Wellenkamp

A notícia do dia para a Dança Portuguesa: Vasco Wellenkamp é o novo director
artístico da Companhia Nacional de Bailado.
Coreografo (sempre) em alta, este homem (sempre ) do momento, que foi um
bailarino muito modesto mesmo, ganhou nos anos 70 e 80 a confiança de Jorge
Salavisa, tornando-se o coreografo residente do Ballet Gulbenkian, depois do
sucesso de "Danças Para Uma Guitarra".
Nos anos 90 funda a sua Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, que
está num grande momento: a par do Royal Ballet, do Hell's Kitchen Dance de
Mikhail Baryshnikov e do Ballet Nacional de España, actuará em Madrid no
Centro Cultural de la Villa, nos dias 5 e 6 de Julho, com o Bailado
"Amaramália".



in "Diario de Notícias da Madeira"
Vasco Wellenkamp assume a Direcção Artística da Companhia Nacional de Bailado O coreógrafo Vasco Wellenkamp assume a Direcção Artística da companhia de bailado em Outubro Data: 27-06-2007
O Ministério da Cultura anunciou hoje que o coreógrafo Vasco Wellenkamp assume a Direcção Artística da Companhia Nacional de Bailado a partir de 1 de Outubro.
Wellenkamp sucede no cargo a Mehmet Balkan, cujo contrato termina a 30 de Setembro.
«Esta sucessão resulta de um entendimento alcançado entre o Ministério da Cultura e Mehmet Balkan», precisa o Ministério da Cultura.
O Director indigitado dará uma conferência de imprensa a 3 de Julho, no Teatro Camões, em Lisboa.



Do Sol online:
«Estou muito satisfeito com este convite. É um novo desafio e um trabalho muito importante nos meus 40 anos de carreira», avaliou o fundador e director da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo (CPBC), que remeteu para uma conferência de imprensa marcada para 3 de Julho, no Teatro Camões, em Lisboa, uma declaração formal sobre a nomeação.
Na terça-feira ao final da tarde, o gabinete da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, divulgou uma nota a anunciar que Vasco Wellenkamp assumirá a partir de 1 de Outubro a direcção artística da CNB, sucedendo a Mehmet Balkan, cujo contrato termina a 30 de Setembro.
A saída de Mehmet Balkan, que entrou na CNB em Setembro de 2002, surge na sequência de um «entendimento alcançado» com o MC, indicava ainda o comunicado oficial.
Vasco Wellenkamp encontra-se neste momento em ensaios com a CPBC para apresentar quinta-feira e sábado, no Centro Cultural Olga Cadaval, no âmbito do Festival de Sintra, o espectáculo de dança Requiem, com coreografia do director e música de Benjamin Britten (Sinfonia de Requiem op. 20)
O futuro director artístico da CNB iniciou a carreira artística em 1961 na Companhia Verde Gaio, dirigida por Margarida Abreu e Fernando Lima, e sete anos mais tarde estabeleceu uma colaboração com o Ballet Gulbenkian.
Nos anos 70, através de uma bolsa do MC, estudou dança moderna na Escola de Martha Graham e dança clássica com Valentina Pereyslavec, no American Ballet.
Como bolseiro da Gulbenkian frequentou o curso especial para coreógrafos e compositores na Universidade de Sussex, em Inglaterra.
Entre 1977 e 1996 foi coreógrafo residente, professor de dança moderna e ensaiador do Ballet Gulbenkian, leccionando também na Escola de Dança do Conservatório Nacional e como professor coordenador na Escola Superior de Dança.
Com o apoio do MC e das câmaras de Lisboa e de Cascais criou a própria companhia (CPBC), em Janeiro de 1999, para a qual tem criado diversas coreografias, apresentadas em Portugal e no estrangeiro.
É desde Setembro de 2003 director artístico do Festival de Sintra para a área da dança.
Em 1994, foi condecorado com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique por Mário Soares, Presidente da República.
Lusa/SOL

terça-feira, junho 26, 2007

A Bela Adormecida, pelo Ginasiano

Passei um ms de Abril que nunca mais esquecerei quando era bailarino
convidado do Ginasiano para interpretar o mestre de cerimonias no Teatro
Carlos Alberto no POrto. Ficamos instalados no Hotel Malaposta, na Rua da
Conceio, eu, a Ana Calafate, o Nuno Bizarro, e a Rosario Vale.

incrivel como uma pequena academia de Dana em Gaia tinha a grandeza de
esprito e nobreza para anualmente montar grandes bailados e usar seus
alunos nas Operas do Rivoli com o Circulo Portuense de Opera, do casal de
grandes empreendedores, de Maria Jos Graff e seu marido.

O Ginasiano para muitas vezes caminhamos eu , a Ana e o Bruno palmilhando do
Porto pela ponte e pela Avenida da Republica de Gaia, at freguesia de
Mafamude, onde paravamos no caf Angola, para manducar umas francesinhas,
era superiormente orientado pela Ftima ?? (cujo Pai se falava ter sido
proprietario do primeiro automovel de Vila Nova de Gaia), a brasileira
Rosanne Amorim, e a Joana Carneiro (cuja saudosa irm havia precocemente
falecido).

Tempos de grande fora de ser jovem, inexperincia nossa. Mas o carinho
daquelas pessoas algo que ainda me vem memoria 20 anos depois. Em
momentos como este em que acabo de ver no "Janeiro" a proxima montagem da
Bela Adormecida, pelo Ginasiano.

Bailado da estreia reverte para a Acreditar

Ginasiano acorda Bela Adormecida

O Ginasiano Escola de Dana apresenta o bailado A Bela Adormecida, entre
os dias 1 e 8 de Julho, no Auditrio Municipal de Vila Nova de Gaia. A
receita da estreia, marcada para as 21h30, ser oferecida Acreditar -
Associao de Pais e Amigos de Crianas com Cancro.

O espectculo A Bela Adormecida uma adaptao livre do bailado homnimo,
com coreografia de Marius Petipa, baseado no conto de Charles Perrault e
msica de Piotr Illitch Tchaikovsky. A iniciativa encerra o ano curricular
do Ginasiano e pretende colocar em palco centenas de bailarinos e alunos
desta escola de dana durante os oito dias de bailados, numa organizao do
Ginasiano e da empresa municipal Gaianima.

O espectculo da noite de estreia, a 1 de Julho, ser a favor da Acreditar,
instituio particular de Solidariedade Social com implementao nacional,
que desenvolve um intenso trabalho de apoio s crianas com cancro e s suas
famlias. O Ginasiano tem colaborado com a Acreditar atravs do envolvimento
em actividades culturais e da participao voluntria no IPO de uma docente
da Escola de Dana. A Acreditar desenvolve o seu projecto contando,
essencialmente, com os associados, o voluntariado, donativos e fundos
angariados.

A Bela Adormecida estar em cena, no Auditrio Municipal de Vila Nova de
Gaia, de 1 a 7 de Julho s 21h30, e no dia 8 s 17h30. O espectculo de
dana manter a ndole clssica do conto, assim como os seus personagens
principais, mas contar com algumas surpresas, motivadas pela verso bailada
por cerca de 400 crianas e jovens, entre os 5 e os 18 anos de idade,
repartidas por trs elencos diferentes.

O Ginasiano existe desde 1987, sendo a nica escola da zona Norte
reconhecida oficialmente e que forma profissionais na rea de dana. Tambm
idealiza e produz espectculos, tanto escolares como artstico-profissionais
A instituio tem protocolos com o Ministrio da Educao, autarquias e
outras entidades de Educao e Cultura, realizando intercmbios destinados
formao no Pas e no estrangeiro.

A direco artstica de Marcelo Ferreira, com coordenao coreogrfica de
Carla Sofia Duarte, Catarina Costa e Silva, Claudia Regina Gonalves, Graa
Ferreira, Elena Martynova, Euvaldo Queiroz, Isabel Ariel, Joana Carneiro,
Joana Castro, Marcelo Ferreira, Maria Pia Barroso, Mariana Brando, Paula
Moreno e Sara Afonso. Gladstone Menezes assina a cenografia e Rui Damas o
desenho de luz. O desenho de figurino da responsabilidade de Helena
Medeiros e a produo de figurino coube a Sara Moreira.

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Repertrio

incontornvel

O bailado estreou em S. Petersburgo a 3 de Janeiro de 1890 e nunca deixou de estar presente em repertrios de companhias de dana, tendo como base a coreografia original de Marius Petipa, embora com diferentes verses. Foi criado a partir de uma intensa relao entre a coreografia de Petipa e a msica de Piotr Illitch Tchaikovsky. Baseado num conto de Perrault, ao estilo francs do sc. XVIII, exige um numeroso elenco, com corpo de baile e solistas. Cada uma das quatro partes, um prlogo e trs actos, oferece sequncias de transformaes mgicas e vrias danas. No III acto so perfilados contos infantis como O Gato das Botas, Cinderela, Pssaro Azul, Capuchinho Vermelho e o Polegarzinho.

Dança no Ensino Oficial (China)

Dana far parte do currculo escolar na China

Segunda Feira, 25/6/2007 , 15h30

Geral - China

O Ministrio da Educao da China decidiu que a dana ser uma disciplina
obrigatria nas escolas do pas. A partir de 1 de setembro, os estudantes
chineses devero ter uma aula diria de dana como parte do currculo
escolar.

O material que ser usado nessas aulas j est sendo entregue s escolas,
segundo informou nesta segunda-feira o jornal Beijing Morning Post.

Sete tipos de dana, incluindo a valsa, podero ser ensinados nas
instituies. O incentivo dana faz parte de um projeto lanado pelo
governo em maio e que pretende estimular a prtica esportiva nas escolas
chinesas.

Fonte : EFE (Brasil)

quarta-feira, junho 20, 2007

Diga-me sobre 2007-2008 !!

Vamos entrar nos últimos 30 dias dos Cursos de Dança no CF da Casa do Artista, desta Época de 2007.
Estamos já a preparar a execução de horários e curriculum organizacional destes Cursos para 2007-2008.
Algumas das novidades são : mais modalidades, processos administrativos optimizados, e em projecto ainda se encontra o serviço adicional de transporte de Alunos de e para as Aulas de Ballet.
Para se manter informado, sempre pode subscrever os mails newsletter d'O Século da Dança, preenchendo o cupão e sbmetendo nesta página.
Solicito a sua ajuda, respondendo a esta sondagem, . Clique no endereço abaixo ou o copie para o seu browser, para aceder então à página de inquérito.

http://pub38.bravenet.com/vote/vote.php?usernum=3239587442&cpv=2

Votações

Inaugurei o meu sistema de sondagens com quatro perguntinhas cujos resultados serão alvo da melhor atenção da minha parte.
A primeira teve a ver com a forma como foram percepcionados por Alunos e Pais acerda da minha competencia como Professor, e os resultados encheram-me de satisfação.
A grande surpresa foi a grande unanimidade de respostas acerca da pertinência que faz ter uma apresentação publica em moldes profissionais, no fundo o que está a acontecer com "O Teu Sonho".
Vêm aí novas sondagens.



Classe de Tecnica de Pas de Deux

Mais um video do Anaheim Ballet que saiu no You Tube. Este é sobre a Tecnica de Pas de Deux.

terça-feira, junho 12, 2007

Ana Caldas fora da CNB


notícia site Radio Ranascença

11-06-2007 11:43

Directora da Companhia Nacional de Bailado dispensada
O Governo decidiu juntar Bailado e Ópera numa única instituição e dispensou a directora da Companhia Nacional de Bailado (CNB).Em declarações à Renascença, Ana Pereira Caldas não poupa críticas à decisão do Executivo.A mulher que até agora dirigiu a CNB lamenta que o Governo não tenha rentabilizado a sua experiência nas direcções da Escola de Dança do Conservatório da Companhia para a OPART – a empresa pública que vai gerir o São Carlos e a CNB.Ana Pereira Caldas confessa que não se revê na maneira como a OPART foi desenvolvida, “porque foi criada um pouco à revelia das próprias casas”, mas diz que, quando a ministra Isabel Pires de Lima lhe falou no assunto, não se mostrou completamente contra.Foi mais tarde, quando foi criado um grupo de trabalho para o efeito, que veio a surpresa: “Nem eu nem o Sr. Pinamonti fomos chamados”.Assim, à semelhança do que aconteceu com o director do Teatro Nacional de São Carlos, o Ministério da Cultura não renovou, no final do último mês, a comissão de serviço a Ana Pereira Caldas na direcção da Companhia Nacional de Bailado.Em declarações exclusivas à Renascença, a até agora directora da CNB confessa estar magoada pelo modo como tudo aconteceu e diz que nunca foi ouvida sobre os projectos do Executivo.“Não acredito em mudanças impostas. Esse processo magoou-me, porque foi de muito pouca consideração para com as pessoas – tanto o Dr. Pinamonti como eu – que estiveram num processo de grande envolvimento e de grande empenho e que de repente se vêem completamente postos de fora do barco”, critica. Ana Pereira Caldas questiona ainda a junção da administração da Companhia com a do Teatro Nacional São Carlos, “porque a ópera e a dança juntos têm sempre um resultado muito difícil de contrariar – a ópera sobrepõem-se à dança”. “Por outro lado, acho que estamos a ir no sentido inverso das companhias de dança na Europa”, adverte. Recordando os seis anos que esteve à frente da CNB, afirmou terem sido de “um grande sufoco orçamental, com imensas dificuldades”. Porém, reconhece os progressos feitos – visibilidade, nacional e internacional, e “um aumento exponencial de público”. Ana Pereira Caldas deixa a Companhia no ano em que esta completa 30 anos de actividade. Contactado pela Renascença, o secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, não quis comentar as críticas de Ana Pereira Caldas. Sublinhe-se que o programador do Teatro Camões, MarK Deputter, afirmou numa entrevista que deixaria o cargo em solidariedade com a directora da CNB e por discordar da criação da OPART.

domingo, junho 10, 2007

DARCEY BUSSELL despede-se do palco

notícia da Secção Latino Americana da Agência Ansa:
DARCEY BUSSELL SE DESPEDE DO ROYAL BALLET DE LONDRES LONDRES, 9 JUN (ANSA)- A bailarina Darcey Bussell se despediu como "primeira bailarina" do prestigioso Royal Ballet de Londres, com uma sessão de gala diante de milhares de pessoas no teatro Covent Garden. Bassell, de 38 anos, interpretou a obra "Song of the Earth", com música de Gustav Mahler, no palco principal do Royal Opera House. A bailarina decidiu se aposentar no momento em que possuía grande respeito da crítica especializada e do público. Bussell foi condecorada no ano passado como Comandante do Império Britânico (CBE). Ela recebeu a distinção das mãos da própria rainha Elizabeth II da Inglaterra. A artista afirmou que poderia voltar como bailarina convidada ao Royal Ballet, companhia com a qual trabalhou por mais de 20 anos. (ANSA) 09/06/2007 16:11

ansa.it - Ansalatina - DARCEY BUSSELL SE DESPEDE DO ROYAL BALLET DE LONDRES

sexta-feira, junho 08, 2007

Acerca de Martha Graham

com a devida vénia
idanca.net » Corporeidade e Martha Graham: novos olhares sobre o corpo

Vivendo Corpo
A maneira como o corpo é percebido, definido, sentido se altera constantemente através da história, evidenciando, no decorrer do tempo, formas de pensar e conceber características de um momento, de uma cultura, de uma sociedade. O corpo por meio de seus gestos, sua espontaneidade, sua vitalidade; revela a maneira como um povo se comporta, se relaciona ou se expressa. Toda a história de vida de uma pessoa se registra em seu corpo, tatuando-o, marcando a pele, definindo a postura, estabelecendo a maneira de se mover. O corpo é, antes de mais nada, a nossa própria existência e através dele percebemos e fazemos parte do mundo. Podemos compreender a dialética entre o corpo e o mundo através da fenomenologia; segundo Merleau Ponty (1994) o corpo é nosso ponto de vista sobre o mundo, bem como um dos objetos deste mundo, desta forma o corpo sujeito objeto modifica a cultura e o momento em que vive, bem como sofre alterações em conseqüência ao contexto em que vive. Movimento é sempre vida, renascendo e morrendo a cada instante. Através do corpo, em sua existencialidade motora modificamos e somos modificados, marcamos e somos marcados. “…/ Realizar um movimento corporal é visar às coisas do mundo por meio do corpo, sem o intermédio de nenhuma representação” (Gonçalves,1994,p.67).
Os corpos que podemos apreender da realidade característicos de um momento cartesiano em termos de paradigma, mostram-se marcados como objetos que podem ser adestrados, que podem ultrapassar limites, realizar tarefas. Corpos muitas vezes dissociados da pessoa humana, do Ser humano (pois, numa medida bem concreta, Somos nossos corpos). Estes corpos dóceis e úteis pagam alto preço pela fragmentação, perdendo conscientemente sua integração com o mundo.
Se somos corpos, porque não nos levantarmos em direção ao mundo através destes?! Corpos integrados à alma, ao pensamento, ao sentimento. Ao invés de utilizar, ser. Ao invés de disciplinar, cultivar. E para isso, segundo Moreira (1999), o estado estético, o impulso do sensível, livre de coerções, é o mais adequado para cultuar e cultivar a corporeidade.
Desenvolvemos, ao longo de nossa pesquisa de mestrado, realizada no Instituto de Artes da Unicamp de 1998 a 2000, com o financiamento da Fapesp e sob a orientação da Profa. Dra. Sylvia Mônica Allende Serra, um trabalho corporal de preparação do intérprete baseado na respiração (e na técnica de Martha Graham), buscando as relações desta com a expressividade artística. Neste trabalho pudemos perceber o poder de integração da respiração através de uma técnica fundamentada nesta ação vital. Esta abordagem corporal converge aos questionamentos colocados a respeito de um cultivo da corporeidade integrada a si e ao meio. Um corpo, antes de tudo, Ser, Existência, Vida, de forma alguma separado da individualidade humana que o constitui. Propomos assim neste artigo uma reflexão a respeito do corpo na técnica de Martha Graham. Nesta reflexão enfatizamos o tratamento do corpo numa técnica que converge na busca de um paradigma holístico, sistêmico. Primeiramente, o objetivo é evidenciar a progressiva alteração na concepção e tratamento do corpo do balé romântico até o surgimento da dança moderna, voltando o foco de análise à técnica de Martha Graham por suas possibilidades de integração corporal.
Pés no chão
Na Dança e nas técnicas de dança desenvolvidas através da história podemos verificar mudanças no tratamento e no desenvolvimento do corpo para a expressão artística. E aqui faremos uma breve contextualização a respeito do balé clássico romântico para tratar, especificamente, de uma técnica de dança moderna: a técnica de Martha Graham.
O balé romântico anterior à dança moderna é caracterizado por Garaudy (1973) como uma linguagem morta a medida em que supervaloriza o decorativo , desumanizando seus protagonistas entre elfos e rainhas mortas, fadas e fantasmas embalsamados em caixões de vidro. Gestos imutáveis, sapatilhas rosas, tutus, e infinitas acrobacias ilustrando um homem em busca do inacessível, amores sem esperança, mulheres inacessíveis… Um corpo extra humano, esta era a busca dos balés românticos. Um corpo além dos limites humanos, que pudesse ser etéreo. E para isso as pontas como acessório que tirasse os pés do chão, permitindo ao homem ser elfo, duende, fada.
A “Bela Adormecida” é despertada pela dança moderna numa época de incertezas. Uma época em que as ciências, as artes, as religiões eram postos à prova. No final do século XIX e início do século XX as artes precisaram de uma nova linguagem que expressasse toda ruptura que acontecia, principalmente depois da primeira guerra mundial. Neste movimento, a dança moderna foi contra o academicismo e os artifícios do balé, aceitando e afirmando, antes de tudo, o humano. Valorizando não apenas a leveza, o gracioso, mas o expressivo. Assim, contextos de guerra, de fronteiras, sentimentos como ciúme, inveja, personagens como Medéia e Joana D’arc são colocadas nos palcos. O trabalho com o corpo desce do ideal, das pontas, e valoriza o contato com a terra, a consciência do corpo próprio e não a imagem, os pés no chão. A dança moderna propõe um corpo humano, real, um corpo que passou por uma guerra. Não era mais possível sustentar o etéreo. A dança moderna resgata o primitivo, tira as sapatilhas, restabelece o contato com o chão, e busca o interior do homem.
A dança moderna contribuiu para devolver ao homem o sentimento do corpo, despertando o desejo de expressar-se inteiro, centrado em si mesmo.
Continuidade espiralada
Martha Graham foi um dos maiores nomes da dança moderna americana e fundamentou uma das poucas técnicas de dança moderna utilizada até os dias de hoje. Não foi o maior objetivo de Graham codificar uma técnica. O maior objetivo desta bailarina e coreógrafa foi o de expressar o interior do homem, revelar as emoções humanas. E para desenvolver suas obras Graham acabou estruturando uma técnica que permitisse a exploração da expressividade.
Para desenvolver sua técnica, Graham partiu do que denominou o “ato essencial à vida” respirar. E, sentada, respirando, observou os movimentos corporais decorrentes da respiração. A inalação foi associada a um movimento de expansão e liberação do corpo, denominado release. A exalação foi associada a um movimento de contração, de deixar o sopro sair, denominado contraction. Graham também observou que o movimento partia sempre de um centro motor, a pélvis, e que se desenvolvia a partir deste centro seguindo a coluna lombar, torácica e cervical até chegar aos membros e à cabeça.
A partir deste princípio de contração e release, Graham desenvolveu toda sua técnica. A bailarina resume o movimento como sendo uma continuidade entre releases e contrações a partir de um centro motor. A espiral é outro princípio atrelado à contração e ao release, que além de significar desenvolvimentos da coluna em espiral, traz o princípio de continuidade crescente do movimento. Uma contração nunca é igual à anterior, pois ao desenvolvê-la o corpo já se modificou, alongou, cresceu. Assim, o desenho resultante do movimento contínuo entre contrações e releases é sempre uma espiral. Os princípios do movimento em Graham são sempre os mesmos. Os exercícios variam, as posições se alteram, mas os princípios são sempre os mesmos. Retificando, para Graham o movimento, a partir de um centro motor, é uma sucessão contínua e crescente em espiral entre contrações e releases.
Outro aspecto a ser destacado é o centro motor gerador do movimento, a pélvis. O movimento na técnica de Graham sempre parte do centro (a pélvis) e se desenvolve em direção às extremidades percorrendo sucessivamente a coluna lombar, torácica até a cervical. No que se refere à respiração: abdome, costelas, peito. A importância do centro é imensa, nenhum braço é erguido sem que a força propulsora do movimento parta do centro e se desenvolva até levantar o braço.
A prática de uma técnica como esta tem um imenso poder de integração corporal, pois os exercícios não fragmentam braços, pernas em execuções onde o centro fica esquecido, mas trabalha com o corpo como um todo indissociável a partir do centro e de um estímulo de vida: a respiração. Além disso, o movimento é visto como uma continuidade, o que valoriza o processo, tornando a forma do movimento conseqüência, bem como não supervalorizando o virtuoso, mas o expressivo. Para Graham o movimento não inicia, nem cessa, apenas continua.
Esta continuidade na técnica de Graham evidencia o crescimento em espiral mencionado anteriormente. Neste aspecto a técnica vai além do movimento natural decorrente da respiração, pois a proposta técnica é o alongamento crescente seja na inspiração ou na expiração. A diferença é que no release / inspiração este crescimento acontece em linha “reta”’, ou melhor, no empilhamento usual da coluna; e na contração / expiração este crescimento acontece em curva. A expiração jamais encolhe o corpo, ao contrário alonga-o ainda mais na possibilidade da curva.
Abrindo espaço ao ser humano
Frente às buscas e mudanças paradigmáticas, encontramos na técnica de Graham uma possibilidade convergente ao paradigma holístico ou sistêmico. Graham ao iniciar suas buscas próprias rebela-se contra o naturalismo de Isadora Duncan, que enfatizava movimentos das ondas, do vento, dos baixo-relevos gregos. Graham gritava com suas propostas coreográficas: “eu sou humana”. Muitos atribuíram críticas à dança de Graham, por esta ser uma dança “feia”, por vezes “grotesca”. No entanto, para esta bailarina, acima de qualquer ideal, acima de qualquer eficiência estava a expressão humana. Graham queria revelar o interior de suas personagens, e através da respiração trouxe este contato e esta relação do corpo interno externo. Trabalhar a partir destes princípios técnicos estruturados no ato de respirar permite uma visão mais relacional e integrada com o mundo, aspectos convergentes à concepção sistêmica.
“A concepção sistêmica propiciará que a ciência e a educação vejam o mundo em termos de relações e de integração. Os sistemas são totalidades integradas, cujas propriedades não se reduzem às unidades menores.A ciência e a educação atuais não poderão mais trabalhar na idéia de transmitir um produto acabado em suas aulas ou experiências, pois o pensamento sistêmico é pensar o processo; a inter-relação, a interação e os opostos são unificados através da oscilação” (Moreira (org.), 1999, p.205).
A possibilidade que Graham nos abre, tendo em vista seus princípios técnicos, é apropriada à compreensão do corpo visto como uma totalidade integrada. E na Dança, para propormos um questionamento paradigmático, é preciso, antes de tudo, experimentá-lo no corpo. É possível, entretanto, executar os exercícios técnicos de Graham dissociando-os em formas para os braços, para as pernas etc. E isto acontece com freqüência, possivelmente devido ao predomínio paradigmático do dualismo cartesiano.
Durante o desenvolvimento da aplicação prática de nossa pesquisa de mestrado, várias vezes pudemos perceber dissociações. Por exemplo, durante a explicação de um exercício, certa vez, tamanha foi a fragmentação no discurso sobre um exercício, que esta mesma fragmentação podia ser percebida no corpo das bailarinas. Depois de várias práticas pude perceber que simplesmente mostrar, desenvolvendo o exercício corporal em toda sua complexidade, sem utilizar demasiadamente a linguagem como recurso explicativo, era mais favorável ao desenvolvimento integrado do movimento. Ao propor um trabalho que se aproxime de um paradigma mais sistêmico é necessário, antes de mais nada, nos colocarmos, como educadores, artistas ou esportistas num exercício constante em busca da integração e da complexidade. Por vezes, somos capazes de compreender, teorizar, mas a fragmentação e tantos anos de dicotomia tatuados no nosso corpo nos escapam nas atividades mais cotidianas. É preciso que nos consideremos como parte de um processo que se move em busca da totalidade.
Novos conceitos surgem e são estudados, porém em áreas como a Dança e a Educação Física, que trazem práticas corporais, é preciso que estes conceitos aconteçam atrelados à experiência, ou mais uma vez estaremos separando, fragmentando, cartesianamente. Não estamos aqui separando a razão do corpo. Entendemos que a razão por envolver estruturas corporais como o cérebro e órgãos sensoriais faz parte da corporeidade. Porém, o que muitas vezes observamos na prática diária da Dança e da Educação Física é que teoria e prática parecem não se relacionar. Muitas vezes a prática elimina a reflexão teórica, bem como disciplinas teóricas se desenvolvem apenas na abstração, distanciando-se da realidade integrada que podemos perceber na práxis. O conceito precisa se aproximar da contextualização vivida. Se a proposta é vivenciar as inter-relações, compreender a complexidade dos fenômenos, não podemos ser simplistas.
O estudo de uma técnica ancorada na respiração e a busca pelas relações entre um trabalho baseado na respiração e o movimento expressivo nos fizeram não apenas entender o desenvolvimento do movimento no corpo de uma forma mais integrada. A experiência física desta integração nos propiciou um novo olhar sobre o mundo e uma busca a paradigmas mais condizentes a esta corporeidade que se colocou frente ao mundo.
Uma simples reflexão sobre o ato de respirar pode nos trazer esta visão integradora, inter-relacional, holística, sistêmica. Respiração é vida. O ar que respiramos nos mantém vivos. No entanto, esta atividade, tantas vezes involuntária e inconsciente mostra-se mais complexa. Se pensarmos que a cada inspiração renascemos, oxigenamos nossos tecidos; e a cada expiração morremos, podemos compreender que vida e morte não são opostos, separados, fazem parte de uma mesma unidade que oscila ora se apresentando como uma ou outra. Fazendo uma analogia com a física quântica; “ora onda, ora partícula”.
Ressaltamos no presente artigo o fio condutor de nossa dissertação de mestrado, a técnica de Martha Graham. Através dela pudemos perceber, conceituar e vivenciar o corpo em sua dimensão humana, com sua unidade interrelacionada a si e ao mundo, com sua individualidade, com sua história e sua cultura, com suas limitações e possibilidades. Este trabalho ancorado em princípios baseados na respiração traz uma possibilidade em termos de trabalho corporal que expressivamente revela a integração. Porém, estamos num processo, que muitas vezes ainda se dicotomiza em busca de uma cultura que valorize a corporeidade, a existência, a integração sujeito objeto, interioridade exterioridade, cultura natureza. E cabe a nós o exercício de valorização do processo, da práxis, da interpretação, da qualidade, do cultivo, aspectos que caminham rumo a uma possibilidade integral. E “simplesmente” respirar pode ser um primeiro passo.
“Será um pavor e uma alegria /…/ Como tudo começa? Creio que nunca começa. Apenas continua” (Graham, 1993, p.184).
*Patrícia Gracia Leal é mestra em Dança formada pela Unicamp, bacharel em Comunicação Social pela Unesp, coordenadora e docente na graduação da Dança da Faculdade Paulista de Artes e docente na graduação do curso de Educação Física da Faculdade de Americana. Diretora do EnOutros, projeto de pesquisa e criação em Dança.
Referências Bibliográficas
CREMA, R. - Introdução à Visão Holística. São Paulo: Summus, 1989.
GARAUDY, R. - Dançar a Vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1973.
GONÇALVES, M. A. S. - Sentir, Pensar, Agir. Campinas: Papirus, 1994, p.67.
GRAHAM, M. - Memória do Sangue. São Paulo: Siciliano, 1993.
MERLEAU-PONTY, M. - Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
MILLE, A. de - Martha: The Life and Work of Martha Graham. New York: Random House, 1991.
MOREIRA, W. W. (Org.) - Educação Física e Esportes: perspectivas para o século XXI. Campinas: Papirus, 1999, p.55.
ZOHAR, D. - O Ser Quântico. São Paulo: Best Seller, 1990.
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por Patrícia Garcia Leal · 02/06/2004 ·

Piazolla no Montijo

Rostos On-line
Piazzollex no Montijo
Festival de música e dança com workshops
O Cinema-Teatro Joaquim d’Almeida apresenta nos dias 15, 16 e 17 de Junho a estreia nacional de Piazzollex. Um Festival de música e dança com workshops e uma exposição à mistura, em homenagem ao 15.º Aniversário da morte do músico e compositor argentino Astor Piazzolla.Especialista em Tango – como não podia deixar de ser – Piazzolla transferiu esta dança dos clubes nocturnos de Buenos Aires para auditórios de música. Com um cartaz único, que prima pela qualidade dos espectáculos e dos convidados, Piazzollex proporciona-lhe um fim-de-semana em grande, a não perder.
Tudo foi pensado ao pormenor. Desde o programa, à imagem de marca do Festival no Montijo. Uma imagem do compositor argentino Astor Piazzolla, criada pelo conceituado cartoonista Rui Pimentel.
PROGRAMA
15 DE JUNHO – SEXTA-FEIRA
21H30 - Noite BANDANGO, com o grupo Saxofínia - CTJA - 5€O Quarteto de Saxofones apresenta um repertório tangueiro, milongueiro e piazzoleiro. Formado por um conjunto de 14 sopros, luzes e vídeo.
Saxofone Soprano:José António Massarrão
Saxofone Alto: José António Lopes
Saxofone Tenor: Mário Marques
Saxofone Barítono:Alberto Roque
O Quarteto de Saxofones SAXOFÍNIA surgiu em 1987 como um projecto de divulgação do instrumento, levado a efeito por alunos do Conservatório Nacional de Lisboa, da classe de saxofone do Professor Vítor Santos. Esse projecto pretendia mostrar todas as facetas do instrumento, bem como todo o repertório de que ele dispõe.
Dando corpo a esta ideia inicial, o grupo começou por se apresentar em recitais na sua escola, integrado em diferentes classes, nomeadamente, em colaboração com as classes de Análise e Técnicas de Composição dos Professores Maria de Lourdes Martins e Jorge Peixinho.
Em 1989 conquistou o 2.º Prémio de Música de Câmara do Concurso promovido pelo Instituto da Juventude e, no ano de 1990, foi-lhe atribuído o 1.º lugar do nível superior do 2.º Concurso Nacional da Juventude Musical Portuguesa.Trabalhou regularmente com o Quarteto de Saxofones de Amesterdão, tendo ainda frequentado Master Classes com os professores René Decouais, Jean-Yves Fourmeau, Daniel Deffayet (professor honorário do Conservatório Superior de Paris) e com o Quarteto Rascher.
Desde a sua formação, tem vindo a realizar diversos concertos no país e no estrangeiro, dos quais se destacam: em 1990 a participação na Bienal de Jovens Criadores do Mediterrâneo, em Marselha (França), onde executou obras inéditas de António Pinho Vargas, Jorge Peixinho e José António Lopes; em 1991, a participação na Temporada de Música dos Açores, actuando em diversas ilhas da região autónoma; desde 1993 e durante alguns anos, os "Concertos das Sete às Nove" no Centro Cultural de Belém; em 1997 a participação na edição “sopros ao ar livre” na Fundação Gulbenkian e no XI Congresso Mundial do Saxofone em Valência – Espanha; em 1998, no Congresso Mundial de Tango e na Expo de Lisboa; em 2001, no Encontro de Cidades Geminadas com Leiria, em Rheine (Alemanha); em 2000 e 2003 no Festival MusicAtlântico, na Região Autónoma dos Açores; em 2003, organizados por Eborae Musica, nos Ciclos Musicando (concertos em Montemor-o-Novo, Mora, Estremoz e Arraiolos), e Música nos Claustros, (Évora).
Tem merecido o crédito de vários compositores que já lhe dedicaram diversas obras, entre os quais se destacam Daniel Schvetz, Eurico Carrapatoso, Clotilde Rosa e o maestro Christopher Bochmann. Em 1999 editou, em CD, o seu primeiro projecto discográfico, Astortango, com obras de Piazzolla e Daniel Schvetz.
16 DE JUNHO – SÁBADO
11h – Atelier TANGO TANGO - CTJA - 2€
Tingo TangoPingo PangoTango Tango
Workshops de Tango para Crianças.
17h30 – Filmes, Debate e Exposição – TANGO, PIAZZOLA E BORGES – CTJA - 2€
21h30 – Noite ALEMTANGO – CTJA - 8€Esta é uma noite especial, em que Piazzolla é, simultaneamente, convidado e anfitrião, com a actuação do quarteto do pianista e compositor Daniel Schvetz. Mafalda Arnauth é a convidada especial da noite, que interpretará músicas do compositor argentino, com outro convidado especial: a poesia de Jorge Luís Borges. Poderá, ainda, assistir à actuação de um par de dança, ao som da Balada para um Loco.
17 DE JUNHO – DOMINGO
11h – Atelier TANGO TANGO - CTJA - 2€Tingo TangoPingo PangoTango Tango
Workshop de Tango para Crianças.
17h30 – Atelier MILONGUEANDO – CTJA - 2€
Workshop de Tango para Adultos.
21h – Noite ORQUESTANGO – Praça da República – Entrada LivreEnsemble instrumental de uma orquestra típica – cordas, piano e bandoneón – ao ar livre, que pode apreciar na Praça da República. A primeira parte será apenas instrumental. Enquanto que a segunda parte, maior e pela noite dentro, terá dança, igualmente ao ar livre, sob a orientação de professores especialistas nesta área.