quarta-feira, outubro 31, 2007

GDA contesta lei sobre contratos dos artistas

Autos da Civilização: GDA contesta lei sobre contratos dos artistas

Espaços de Dança no São Carlos

in O Primeiro de Janeiro
No âmbito do «Espaços de dança» Olga Roriz e Clara Andermatt no S. Carlos
Os espectáculos “Paraíso”, de Olga Roriz, “E dançaram para sempre”, de Clara Andermatt, vão ser apresentados a partir de amanhã no palco do Teatro Nacional de São Carlos, na sequência de uma encomenda daquela entidade às coreógrafas.
Os dois projectos serão apresentados até 9 de Novembro no São Carlos no âmbito de “Os Cenários da Dança”, espaço da programação dedicado à dança contemporânea.Com direcção, selecção musical, cenografia e figurinos de Olga Roriz, desenhos de luz de Celestino Verdades, e arranjos musicais de Renato Júnior, tem a participação dos bailarinos Catarina Câmara, Maria Cerveira, Sara Carinhas, Sylvia Rijmer, Bruno Alexandre e Pedro Santiago Cal.Inspirado no género musical norte-americano, “Paraíso” inclui temas de Gershwin, Bernstein, canções de Boris Vian, Frank Sinatra, Edith Piaf, Chavela Vargas, Marlene Dietrich e Miranda, com a particularidade de algumas canções serem interpretadas por bailarinos.A bailarina Maria Cerveira canta “My Funny Valentine”, Sylvia Rijmer interpreta “Je ne t´aime pas”, Sara Carinhas canta “Homens e Mulheres” e “Bang Bang”, Catarina Câmara interpreta “Milonga del Mono”, e Pedro Santiago Cal “Cantigas de Maio”.O espectáculo - co-produção com o Festival de Leiria, onde estreou - também já foi apresentada no Teatro Micaelense, em São Miguel. “E dançaram para sempre”, nova criação de Clara Andermatt, inspirada no enredo e música originais de “La Boîte à Joujoux” de Claude Debussy - apresenta-se no palco do São Carlos nos dias 9 e 10 de Novembro às 16h00 - resultado de uma encomenda do São Carlos em co-produção com a Companhia Clara Andermatt e o apoio da Fundação EDP. Nesta peça é mantida a música de Debussy, na versão original para piano, interpretada ao vivo por António Rosado. O espectáculo conta com a interpretação dos bailarinos Joana Bergano, Marta Cerqueira, Avelino Chantre, David Almeida, Pedro Mendes e alunos da Escola de Dança do Conservatório Nacional, Carlota Carreira e Marcelino Sambé.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Os Portugueses e a Cultura

in Diário Digital
Os portugueses são dos europeus que menos participam em actividades culturais, tendo apenas metade lido um livro no último ano e um quarto visitado um museu ou galeria, segundo um estudo divulgado hoje em Bruxelas pelo Eurostat. O documento do gabinete oficial de estatísticas da União Europeia sobre «a economia da cultura e actividades culturais na UE a 27» revela que os portugueses são dos cidadãos comunitários mais afastados da Cultura, e quando questionados sobre as actividades culturais em que participaram nos últimos 12 meses apresentam os valores mais baixos dos 27 em todos os parâmetros.
De acordo com os resultados do inquérito, já deste ano, apenas 50 por cento dos portugueses leram um livro, 24 por cento visitaram um museu ou galeria, 23 por cento assistiram a um concerto, 19 por cento foram ao teatro e somente 9 por cento assistiram a ballet ou ópera, apresentando Portugal em todos estes casos o segundo valor mais baixo da UE.
A média de europeus que leram um livro é de 71 por cento, 41 por cento visitaram um museu, 37 por cento assistiram a um concerto, 32 por cento foram ao teatro e 18 por cento à ópera ou ballet, e em cada um destes indicadores Portugal só fica à frente, respectivamente, de malteses (45 por cento), búlgaros (20), gregos (21), polacos (18) e romenos (8).
Também são poucos os portugueses que visitaram um monumento histórico (35 por cento, contra média da UE de 54 por cento), frequentaram uma biblioteca pública (24 por cento, sendo a média de 35 por cento) ou foram ao cinema (apenas 35 por cento, longe da média de 51 por cento).
A única actividade cultural que contou com a «participação» de mais de metade dos portugueses inquiridos foi assistir (pela televisão) ou ouvir um programa cultural, mas mesmo neste caso o valor em Portugal (67 por cento) fica distante da média da UE (78 por cento).
Diário Digital / Lusa
29-10-2007 11:59:00

sexta-feira, outubro 26, 2007

Companhia de Gádes em Brasília

in Viva! Jornal de Brasília
Companhia Antonio Gades apresenta clássico da dança moderna, Carmen, na cidade
25/10/2007 - 09:00:45

A companhia espanhola Antonio Gades promete encher a sala Villa-Lobos de sensualidade, com o espetáculo Carmen, que será apresentado nesta quinta-feira. Baseada na obra do francês Prosper Merimé, a peça conta a trágica e intensa história de amor entre a cigana Carmen e o oficial do exército Don José.
Brasília foi escolhida para ser a primeira cidade visitada na turnê pelo Brasil. Depois da capital, o grupo se apresentará no Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador, Curitiba e Porto Alegre.
A peça Carmen é considerada a maior obra do artista. Foram as coreografias fortes e voluptuosas que fizeram com que Antonio Gades se tornasse referência mundial quando o assunto é dança flamenca. O espetáculo tem duração aproximada de 88 minutos e, em Brasília, terá apresentação única.
Antonio Gades foi um dos mais importantes bailarinos e coreógrafos do mundo. Espanhol nascido em Elda, na região de Alicante, ele criou a academia de dança meses antes de morrer. O grupo se empenha até hoje em emocionar platéias do mundo todo com cinco obras que seguem as coreografias originais de Gades: a Suíte de Flamenco (1968), Bodas de Sangre (1974), Carmen (1983), Fuego – Amor Brujo (1989) e Fuenteovejuna (1994).
FormaçãoA companhia é formada por 25 bailarinos, escolhidos pelo próprio Antonio Gades. Além do grupo, o coreógrafo também deixou uma fundação, que tem como objetivo principal difundir a dança espanhola no mundo.
A fundação também promove seminários e cursos sobre as coreografias criativas de Antonio Gades e um concurso internacional de dança espanhola, que leva o nome do próprio bailarino.
O cineasta Carlos Saura fez uma parceria com Antonio Gades na década de 1980. O bailarino trabalhou como ator e dançarino nas produções para o cinema. O resultado foi uma elogiada trilogia flamenca, composta dos filmes: Bodas de Sangue (1981), Carmen (1983) e Amor Bruxo (1986).
A versão para teatro de Carmen foi sendo concebida quase paralelamente às gravações do filme de Saura. E o êxito obtido pelo longa metragem serviu de incentivo para que o espetáculo se tornasse o clássico absoluto da companhia de dança.
Da redação do Jornal de Brasília

quarta-feira, outubro 24, 2007

25 anos de Academia de Dança Contemporânea de Setúbal


Em Setúbal
Academia de Dança Contemporânea assinalou 25 anos de actividade
A Academia de Dança Contemporânea (ADC) assinalou o 25.º aniversário com um espectáculo em que participaram mais de 20 antigos alunos, realizado na sexta-feira à noite, no Fórum Municipal Luísa Todi.
Durante as duas horas de espectáculo, que esgotou a sala, foram vários os gestos de homenagem aos fundadores da ADC, Maria Bessa e António Rodrigues.
Além da participação de antigos alunos, mesmo daqueles que depois de concluírem o curso na ADC seguiram carreiras profissionais distintas da dança, foram interpretadas coreografias de diferentes períodos, como uma criada em 1992 agora levada ao palco pelos actuais alunos da Pequena Companhia da Academia de Dança Contemporânea.
A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, esteve presente no espectáculo comemorativo e entregou a à directora da ADC, Maria Ruas, um quadro de Rogério Chora.
Antes do espectáculo, foi inaugurada uma exposição fotográfica retrospectiva dos 25 anos de história da ADC e na qual figuram imagens de todos os alunos que passaram por aquele estabelecimento de ensino.
A mostra, intitulada "Há 25 anos a formar bailarinos", está patente até 31 de Outubro no átrio do Fórum Municipal Luísa Todi.
Durante este ano lectivo, a Academia de Dança Contemporânea apresenta um programa comemorativo do 25.º aniversário, que tem como um dos principais objectivos dar a conhecer e aproximar a ADC da população do concelho de Setúbal.
in Rostos 24.10.2007 - 1:17
Rostos On-line - O seu diário digital

segunda-feira, outubro 15, 2007

Ainda Sobre os Intermitentes

Em Maio de 2004 os intermitentes manifestaram-se nas carpetes glamorosas do Festival de Cinema de Cannes.
Na altura, atento ao fenómeno, compilei uma série de notícias que aqui partilho convosco.


Godard quer "fazer saltar o Festival"?
"Nós, os cineastas franceses seleccionados para o Festival de Cannes, queremos exprimir a nossa solidariedade para com o movimento dos 'intermitentes'": é assim que começa o apelo lançado por doze realizadores cujos filmes participam nas diversas selecções do festival de cinema mais célebre do mundo. Entre os assinantes distinguem-se Raymond Depardon, Tony Gatlif, Agnes Jaoui e Benoit Jacquot, que frisam: "Se os 'intermitentes' não existissem, os nossos filmes também não existiriam. É urgente encontrar soluções duráveis." Os apoiantes dos "intermitentes" recusam fazer comentários públicos, para não interferirem nas negociações entre os artistas e a organização do Festival de Cannes.
Em contrapartida, a solidariedade manifesta-se de forma pecuniária: as contribuições importantes dos realizadores financiam as deslocações e as estadias dos artistas e técnicos ao (caríssimo) festival. É neste contexto que corre um boato inquietante: o mítico realizador Jean-Louis Godard, que apresenta um filme em Cannes, fora da competição, terá dado cinco mil euros aos artistas e acompanhado o gesto com uma pequena frase: "Tomem, e façam saltar o festival." Segundo um dos sabotadores da edição de Cannes em 1968, a frase faz tremer os organizadores do festival.


A Vitória dos "Intermitentes"
Quarta-feira, 12 de Maio de 2004
A pressão dos "intermitentes" sobre Cannes acabou por resultar em algumas conquistas para estes profissionais (contratados) do espectáculo, após a reunião de ontem com os organizadores, que a todo o custo tentavam evitar que o festival fosse afectado. Os "intermitentes" vão poder expressar o seu descontentamento face à reforma do sistema de segurança social, que, dizem, os penaliza. E vão poder fazê-lo já hoje, ao final da tarde, na subida da escadaria do Palais pelas vedetas mundiais do cinema, que antecede a abertura oficial do festival. Essa foi a primeira vitória. Foi-lhes ainda disponibilizado um teatro municipal para "local de trabalho e de reunião", diz o comunicado da direcção do festival. As iniciativas acordadas prevêem ainda, sexta-feira, uma conferência de imprensa numa sala de cinema e uma outra no domingo, no Palais, onde vão estar "o 'comité de suivi' (sindicalistas), realizadores e artistas presentes em Cannes". No sábado vão também poder realizar um piquenique numa praia de Cannes, para um "reencontro com o público", diz o mesmo comunicado. No acordo, "os representantes dos intermitentes afirmaram a sua vontade de respeitar a missão do festival - acolher os artistas de todo o mundo e ajudar os filmes".


Cannes Avança, mas com "Intermitências"
Ana Navarro Pedro
Terça-feira, 11 de Maio de 2004
O festival de cinema de Cannes não está ameaçado, mas ainda ontem os organizadores e os "intermitentes" tentavam evitar que o mais importante festival de cinema do mundo seja prejudicado. O próprio primeiro-ministro francês Jean-Pierre Raffarin tentou, ontem também, reduzir as possibilidades de uma acção dos "intermitentes" em Cannes, pedindo para que o organismo responsável pelo subsídio de desemprego abra novas negociações. Seja como for, algo se vai passar amanhã em Cannes, dia em que começa o festival. Será na célebre subida da escadaria pelas vedetas mundiais do cinema? Será nas projecções dos filmes? Ou nas conferências de imprensa? Um destes momentos fortes do festival foi escolhido, em segredo, como principal alvo dos artistas franceses chamados "intermitentes" (porque trabalham apenas com pequenos contratos a prazo) na sua luta. Reclamam uma renegociação da reforma do sistema de segurança social específico desta categoria profissional. Uma reforma feita há já um ano, com o intuito de diminuir o défice da caixa que lhes paga o subsídio de desemprego, mas que os artistas nunca aceitaram. E depois de terem obrigado à anulação da maior parte dos festivais de teatro e de música no Verão de 2003, os "intermitentes" não estão dispostos a deixar passar a oportunidade de fazer as suas reivindicações em Cannes, sob o olhar de 4000 jornalistas de todo o mundo. Determinado, também, a não ceder, o Governo tem dito que a reforma não será alterada. Mas em vésperas da abertura do Festival de Cannes, o novo ministro da Cultura, Renaud Donnedieu de Vabres, tentava chegar a um compromisso. Depois de ter desbloqueado, na semana passada, uma verba de 20 milhões de euros para os casos de maior injustiça - como os das artistas grávidas que ficaram sem cobertura social por não encontrarem trabalho durante a gravidez -, o ministro pediu ontem aos artistas para terem "um gesto" de boa vontade. Por seu lado, o primeiro-ministro, Jean-Pierre Raffarin, afirmou primeiro que estava fora de causa ceder, e acusou os "intermitentes" de se comportarem como "raptores que tomam os festivais como reféns". Mas esta atitude suscitou protestos nas fileiras da sua maioria de direita, e junto dos responsáveis das autarquias organizadoras de festivais - e muito especialmente a de Cannes. Reunidos com sindicalistas do espectáculo num colectivo de controlo chamado "Comité de suivi", os políticos levaram o chefe do Governo a recuar. Raffarin acabou por mudar ontem de atitude. Numa carta endereçada ao UNEDIC, o organismo responsável pelo subsídio de desemprego (em França, são os parceiros sociais - organizações patronais e sindicais -, reunidos em organismos específicos, que gerem as quotizações sociais e os pagamentos dos subsídios de desemprego e das pensões de reforma), Raffarin pediu que abra negociações com os artistas. Ao fim da tarde, uma porta-voz do UNEDIC disse que o sistema pode ser revisto precisamente no caso da artistas grávidas, mas que "está fora de causa" rever a reforma na sua totalidade antes de 2005. Pouco confiante na hipótese de um solução negociada até ao começo do Festival de Cannes, amanhã, os organizadores passaram ontem o dia a negociar com os representantes dos "intermitentes". A ideia era combinar com eles os momentos em que os artistas poderão fazer publicamente as acções de protesto, sem todavia paralisarem ou sabotarem o festival. "Nós queremos ser escutados, mas nenhum de nós deseja rebentar com o que é, afinal, o nosso instrumento de trabalho", garantiam ontem sindicalistas do espectáculo.

Quem São Os "Intermitentes" "
Intermitentes" - São assim chamados não só os "saltimbancos ", mas também os técnicos de som, electricistas, operadores de câmara, costureiras, motoristas, etc. Ou seja, todo o pessoal necessário ao mundo do espectáculo mas que não tem nenhuma garantia de emprego uma vez terminados os respectivos contratos numa produção. 100.000 - Número de "intermitentes" em França que beneficiam de um regime específico de segurança social com um subsídio de desemprego particularmente generoso; 35 mil trabalham no cinema, rádio e televisão, e 65 mil no chamado "espectáculo vivo", como o teatro ou os concertos. 828 milhões de euros - Défice do regime de segurança social dos "intermitentes". 21 por cento do trabalho oferecido pelas televisões públicas é assegurado por "intermitentes" do espectáculo, ou por técnicos forçados a trabalharem com contratos deste tipo. 240 dias de trabalho foi a média fornecida por cada "intermitente" às televisões públicas em 2003, contra 190 fornecidos pelos empregados do quadro.

domingo, outubro 14, 2007

A Intermitência do Trabalho no Espectáculo

Tomei contacto em 1999, em Paris com a Marion Chopin e o Hassene Belaid de um mecanismo de Segurança Social, para trabalhadores do Espectaculo e do Cinema, em que um trabalhador ao ter um ano de trabalho, e em caso de desemprego no ano seguinte, recebia (e recebe) um subsídio mensal do montante igual ao que recebeu no ano anterior. O subsídio pára ao fim de um ano, e sempre que o trabalhador passe a auferir novas remunerações.São os "intermittents du spectacle". Durante as filmagens de les Thibault que tive em Almada, e numa noite de copos no Procópio com o actor Malik Zidi, o produtor francês do filme, uma assistente de adereços também francêsa (pronto, todos franceses, menos eu), e outras pessoas da equipa; rebenta uma discussão entre eles (acerca de cachet's sem se perder direito ao subsídio lá em França :)), e lá pelo fim tive uma aula sobre essa "segurança" mínima da politica francesa para a nossa àrea.

alguns links:

recebi esta achega do meu querido colega e amigo Actor Bruno Schiappa
o docUMENTO Dia de Sensibilização para a Intermitência (19 Outubro) é resultado da elaboração de uma equipa de trabalho que preside uma plataforma que há mais de um ano está a negociar com o governo a regulamentação de um estatuto profissional que enquadre os trabalhadores dos espectáculos como profissionais intermitentes. Nota em relação a propostas de alterações que não foram tomadas em conta:São muito pertinentes, mas não essenciais para esta fase: para ser lido em todos os teatros, nao podemos atacar a falta de horarios ou questoes que dizem directamente respeito à relacao patrao-trabalhador. Pelo menos para este evento. A questao de valorizar o relevo dos profissionais no desenvolvimento cultural e económico como mais valia que justifica a sua defesa é um bom argumento, mas muito economicista para o tipo de comunicado que fizemos e o ambito do mesmo (ser mais pessoal, directo...). Parece-me pessoalmente que ficamos assim com um comunicado curto, directo, coeso, sedutor.Uma equipa que representa a vontade de uma extensa aglomeração de profissionais dos vários sectores do espectáculo e que integra já um vasto elenco. Cada profissional foi expondo as fragilidades profissionais que considerava mais indignas e deu-se início a um processo que, esperamos, venha a ter resultados a curto/médio prazo na dignificação de uma profissão que apesar de tudo continua a ser vista como "usar e deitar fora" sem qualquer olhar mais dignificante ou dgnificado.Obrigado por lerem. BSAgora temos de continuar a convencer toda a gente!

agora o documento difundido na net
Dia de Sensibilização para a Intermitência
19 de Outubro de 2007
Este comunicado que hoje está a ser lido em vários eventos culturais do país representa o sentimento geral dos profissionais das artes do espectáculo e do audiovisual. Sabia que não há enquadramento jurídico que se adeque a estas profissões? Sabia que estes profissionais não podem estar doentes, grávidos, lesionados ou desempregados? Hoje é o nosso dia nacional de sensibilização para a intermitência. Dizemos que somos intermitentes porque o nosso trabalho é sempre descontínuo e temporário. Essa é a natureza das nossas profissões! Trabalhamos sucessivamente de projecto em projecto, com pessoas diferentes e isso implica a mobilidade dos profissionais e permite a diversidade das produções. Queremos ter acesso aos mesmos direitos e às condições básicas de qualquer trabalhador por conta de outrem. Como estes, somos profissionais especializados, cumprimos horários, num local de trabalho específico, sob a direcção duma entidade. Por todas estas razões, precisamos de uma definição legal de intermitência, que nos permita pagar a segurança social de acordo com o salário que recebemos e que nos proteja de situações de carência. Precisamos de um contrato de trabalho adequado à nossa realidade. No último ano, representantes das áreas da dança, do teatro, da música, do circo, do cinema e do audiovisual têm vindo a apresentar e a defender propostas concretas sobre esta questão. Esperamos que este esforço resulte numa lei que nos sirva a todos. Lembrem-se que apagadas as luzes da ribalta existe uma realidade que não pode continuar a ser ignorada. Muito Obrigado e Bom Espectáculo!


Metodologia para estudar dança contemporânea. Existe uma?

idanca.net » Metodologia para estudar dança contemporânea. Existe uma?
Quando falamos em estudo referente à dança contemporânea no âmbito acadêmico, logo advertimos a importância que tem os instrumentos e as perspectivas metodológicas. Estes elementos, que em outras disciplinas gozam de uma definição e uma sistematização mais rigorosa, fruto de anos de tradição acadêmica, se encontram, no caso da dança contemporânea, em um estado ainda embrionário.
Em primeiro lugar, encontramos um fator histórico ao longo da história do Ocidente, que se traduz em uma aversão generalizada do corpo e sua capacidade de gerar especulação teórica e cuja conseqüência mais direta é a falta de tradição em estudos associados à dança.Tal repulsa/aversão, herdada da cultura cristã e reafirmada a partir da ilustração, coloca o corpo e tudo que com ele se relaciona no nível mais baixo da hierarquia intelectual. Mas este corpo é, precisamente, o ponto de partida, o meio de expressão e foco principal do fenômeno que chamamos dança. Estreitamente ligada a este fator histórico, e uma de suas conseqüências mais fatais para o estudo, é a questão das fontes. O investigador que se propõe iniciar um estudo sobre o tema encontra numerosas dificuldades para encontrar e consultar os documentos necessários para realizar seu trabalho. É um fato concreto que as fontes referentes à dança contemporânea, e não à dança em geral, são bem mais escassas, até mesmo frágeis, pouco acessíveis.
Por outro lado, existe um segundo fator que intervém diretamente no estudo da dança a partir de uma perspectiva teórica e que, ao contrário do anterior, surge da própria natureza do fenômeno dançado: seu caráter performativo. A dança é, quiçá, de todas as artes cênicas, a que mais claramente sofre os efeitos resultantes de sua condição efêmera, já que não dispõe de um registro fiel sobre o qual especular, investigar ou reconstruir (o restante das artes cênicas tampouco dispõem de sistemas de registro absolutamente eficazes, mas, no geral, deixam um maior número de indícios sobre em que se basear a investigação. A aparição do vídeo supõe sem dúvida um grande avanço, pois permite registrar e reproduzir a peça dançada em qualidade audiovisual aceitável. Em troca, o vídeo também tem suas limitações, mas não é comparável à experiência ao vivo do ato cênico e reduz a sensação tridimensional, uma vez que oferece um ponto de vista concreto e fixo. Não existe pois, até o momento, nenhuma mídia que possa substituir a autêntica experiência cênica que, ao ser tão física e tão visual, dificilmente se pode traduzir em palavras. Frente a outras disciplinas artísticas como a literatura, a escultura ou a pintura, que têm um suporte de expressão estático, a dança se caracteriza por ser dinâmica, já que se expressa e se manifesta a través do movimento. Isto dificulta enormemente o seu estudo, fazendo difícil sua reprodução exata e veraz, e nos obriga a recorrer a fontes paralelas para tentar compreendê-la.
Outra das peculiaridades próprias da dança, que condiciona sua análise, é a dificuldade de enfrentar objetivamente o objeto de estudo. Isto se deve à presença de uma série de elementos que condicionam a apreciação de uma representação dançada e que esboçamos/formulamos de forma breve/brevemente. Por um lado temos a interpretação, que se faz necessária em toda arte performática e que supõe sempre uma reelaboração, uma criação nova, viva e mutante, que afeta o resultado final da obra. Além disso , o espectador, esperto ou profano, compartilha com o intérprete a experiência do corpo e seus modos de percepção e relação com o que o rodeia. É muito difícil separar o objeto de nosso interesse, o corpo que dança, da experiência corporal própria, porque precisamos sentir, pensar e atuar através do nosso corpo. Como então abordar um estudo destas características absolutamente convencidos de nosso rigor crítico? É a pergunta que fica no ar, constituindo um dos principais objetivos da crítica e investigação da dança. Não obstante, existe uma certa - ainda que escassa - tradição epistemológica referente à dança contemporânea, que resumiremos a seguir. Trata-se de uma série de estudos que, em geral, criaram sistemas metodológicos de outras disciplinas como a História, a Antropologia, os estudos de gênero ou a fenomenologia e os adaptaram com maior ou menor sorte à investigação sobre dança.
Uma das primeiras aproximações ao fenômeno da dança, a partir do âmbito acadêmico, provém dos estudos antropológicos. Este enfoque metodológico é muito adequado para um tipo de investigação ao redor da origem da dança como ritual e sistema de coesão social nas sociedades primitivas. A investigação antropológica se interessa por todos os valores da dança como expressão da espiritualidade e como elemento fundamental de uma estruturação social completa. Mas o certo é que a dança começa a se articular a partir do século XX como um fenômeno com fortes implicações estéticas associadas à modernidade e pós-modernidade, perdendo parte de suas funções originais e assumindo múltiplas e diversas perspectivas, que requerem estratégias de aproximação específicas.
Os estudos históricos também têm tido uma importante presença em determinados focos de reflexão sobre a dança. De fato, a maioria da bibliografia que encontramos atualmente segue esta linha metodológica. A vantagem deste tipo de aproximação é que proporciona um número importante de dados muito úteis para o investigador e os apresenta de uma forma ordenada e exaustiva. Não obstante, os estudos históricos com freqüência caem em uma mera enumeração e em uma presunção de fronteiras estilísticas forçada e fora da realidade. Também é comum que estes estudos acusem uma falta importante de reflexão teórica e de atenção sobre aspectos tão importantes como os motivos de aparição ou as implicações sobre a própria disciplina dancística dos diferentes estilos que analisa. E são muitas as referências a uma série de fenômenos derivados do caráter performativo da dança e da presença do corpo em cena: como a problemática sujeito-objeto, os mecanismos da percepção, a relação entre o físico e o psicológico, etc…, que são básicos para entender o fenômeno da dança contemporânea.
A história da dança como disciplina artística tem estado ligada, ao menos no mundo ocidental, à história das mulheres, pois estas têm sido, em maior grau do que em outras esferas da cultura, quem têm transcendido como bailarinas ou coreógrafas. Tendo em conta este fato, não é de se estranhar que os estudos de gênero têm se ocupado frequentemente em suas investigações das manifestações da arte dançada. Esta classe de aproximações metodológicas, que reivindicam o estudo e a reflexão de certos aspectos associados à feminilidade relegados pela história tradicional, como a sensualidade, as emoções ou a intuição, têm encontrado na história da dança um campo fértil onde desenvolver suas teorias. Neste sentido, o estudo da dança permite pôr em relevo uma série de valores que, ainda que tradicionalmente repelidos pelo mundo acadêmico, apresentam estreitos paralelismos com os interesses da história de gênero, e que tem a ver, fundamentalmente, com uma reflexão mais profunda sobre o corpo e sua história.
Por último, e de um modo especialmente interessante, encontramos os estudos que, a partir do âmbito da fenomenologia, se tem levado a cabo sobre a dança e, em particular, sobre a dança contemporânea. Precisamente deste campo se iniciou, a partir dos anos sessenta, fundamentalmente no âmbito anglo-saxão, uma importante reflexão sobre as estratégias metodológicas no estudo da dança como as suas manifestações mais recentes. A fenomenologia parte da experiência como principal elemento a partir do qual se constrói a reflexão teórica e estuda as transformações que ocorrem na confrontação entre objeto e sujeito. Este método oferece a possibilidade de ter em conta aqueles aspectos que se ativam em nossa percepção no momento da experiência concreta. Estes aspectos, que são tão necessários para a compreensão profunda da dança concebida como um contínuo presente, são dificilmente redutíveis à linguagem da razão, ao qual a maioria dos estudos acadêmicos recorrem. O conhecimento intuitivo proposto pela fenomenologia não pretende formular conceitos fechados, como ocorre em outras disciplinas científicas, sino que trata, através da evocação da experiência, de chegar a uma compreensão mais completa do fenômeno de estudo. Além do que, a metodologia fenomenológica considera os diversos processos e transformações dos fenômenos como uma rica fonte de conhecimento. Isto resulta especialmente interessante no estudo da dança, uma arte que não deixa de ser transformação contínua da idéia de movimento a través do tempo e do espaço. Uma arte que utiliza um instrumento, o corpo, em contínua troca.
Para finalizar, ainda que existam aproximações ao feito específico da dança desde disciplinas acadêmicas tão diversas como as que acabamos de nomear, ainda está por vir o nascimento de uma metodologia para o estudo da dança contemporânea que se origine a partir de suas condições específicas. Em todo caso, e tratando-se de uma disciplina relativamente recente, esperemos que em um futuro próximo possamos vê-la. Estou convencida disso, pois os últimos anos têm sido cruciais para o desenvolvimento de novas perspectivas metodológicas motivadas por um interesse cada vez mais crescente por este fenômeno tão complexo que é a dança contemporânea.
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por Nuria Trigueros · 11/10/2007

segunda-feira, outubro 08, 2007

Cartazes Novos



Carlos Barradas, sempre surpreendente. Para mim é o maior ilustrador, visualizador, artista gráfico português.
Realizador da RTP, autor de Banda Desenhada. O blog do Carlos é uma pequena janela sobre a sua imensa obra.
Meu grande amigo, é o autor dos novos cartazes a preto e branco dos nossos cursos.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Homenagem a Jorge Donn

segunda-feira, outubro 01, 2007

Évora : Temporada de Dança

DianaFM - Évora : Temporada de Dança começa hoje
Évora : Temporada de Dança começa hoje sexta-feira, 28 Setembro 2007 A 5ª Temporada de Dança de Évora, dedicada às Novas Linguagens Cénicas começa hoje na cidade, com duas apresentações do espectáculo "The Convent", pela companhia Norueguesa Jo Strømgren.Até Maio a cidade acolherá oito espectáculos, todos eles com pelo menos duas apresentações, num total de 18.“É a nossa melhor programação de sempre”, afirmou à DianaFm o coreógrafo Rui Horta, Director Artístico do "O Espaço do Tempo", estrutura encarregue da programação da Temporada de Dança de Évora.O espectáculo "The Convent", uma peça cheia de humor, abre o programa deste ano pelas 21h30 no Teatro Garcia de Resende.