sábado, setembro 06, 2008

Pequim 2008

Pequim está a recordar Maurice Bejart com o bolero de Ravel. A companhia belga de Bejart pisou Pequim e encantou aquela cidade por varias vezes nos idos 60. O mesmo redondel, o crescendo dos compasse de Ravel, e depois neste espectaculo de abertura dos paraolímpicos desfila todo o classissismo dos nocturnos ao Piano de Chopin. O nobre Pequim é afinal mais europeu que a Europa.
A ideia de crianças com deficiência nas coreografias de multidão é interessante e comovente. Um espectaculo desta grandiosidade acima da escala humana é sobretudo espectaculo de cenografia e luminotecnia.
Porque a tecnologia actual até permite mover uma montanha, o espectaculo que os chineses sempre tiveram para dar foi sempre o mesmo: o da grandiosidade, o do gigantismo. Ali nada é pequeno, tudo imensamenmente grande. A escala humana é pequena demais. Ela só tem sentido quando amplifificada. O pequeno bater de asas de uma borboleta pode ser visto por milhões ali no local.
Mas aqui atropela-se a dignidade individual, e faz-se dos telespectadores no Mundo, uns tolos. Na cerimónia de abertura das Olimpíadas há um mês atrás, sairam notícias que as imagens de Pequim debaixo de fogos de artifício afinal foi truncada em computador, não era em directo.
Uma menina que bem cantava, mas que era feiota, só se lhe foi mesmo aproveitada a voz, colocaram uma bonita a fazer movimentos de play back que a feiota cantou.
Para mim ainda nada bateu como espectaculo a abertura dos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Havia grandiosidade (lembro-me de Gershwin tocado por dezenas de pianos), mas também havia expressões do talento à escala humana.