domingo, abril 29, 2007

Dança em Portugal

Um livro: «História da Dança em Portugal», que li atentamente em meados de 80. Era praticamente o único livro português que havia sobre Dança. O proprio Sasportes depois publicou o "Pensar a Dança", mais centrado e ensaístico, fruto do exílio dourado em Itália, em que elevava sobretudo o Modernismo dos anos 10, de Cocteau e Mallarmé, como um caminho estectico a se desenvolver para a contemporanea Dança Portuguesa. Sem crer o teorico estava a abrir as portas à Nova Dança de oportunistas e arrivistas que recusaram toda a tecnica e academismo, simplesmente porque não tinham nem uma coisa nem outra. Pudera, tinham acabado de chegar! Mas nem assim foram tão originais como isso, porque era sobretudo o Teatro Dança alemão que se copiava. (Pina Bausch, Companhia Rosas)
Sobre o livrinho pequeno, "Historia da Dança em Portugal", publica-se hoje no Jornal da Madeira, este artigo de Marisa Santos:

O acto de dançar pode ser definido como uma manifestação instintiva do ser humano. Já no período da pré-história existem registos de que o Homem executava movimentos ritmados, não só para manter a temperatura do corpo, mas também para comunicar.
A dança é considerada a mais antiga das artes, sendo ainda a única manifestação artística que dispensa quaisquer complementos, ou seja, a dança depende única e exclusivamente do corpo. Através do corpo e da vitalidade humana a dança poderá exprimir a desempenhar a sua função enquanto instrumento de afirmação dos sentimentos e experiências subjectivas do homem.
A dança está desde sempre associada ao amor, à conquista, à sedução, sendo que as primeiras manifestações estavam directamente relacionadas com a conquista do/da parceiro/parceiro.
As danças colectivas assumiam ainda, como acontece actualmente em alguns países que ainda mantêm linhas tribalistas, um carácter ritualista, em que as mesmas eram executadas com o intuito de adoração a entidades superiores, deuses, espíritos, com o intuito de agradar, adquirir forças para uma batalha ou então para aprovisionamento. De entre as várias danças aos deuses realizadas em períodos já passados, destaca-se a Dança da Chuva, comum a várias etnias e civilizações.
Com o apuramento da sensibilidade artística a definição do conceito da dança passou a ser encarado com atribuições estéticas. O Renascimento despertou a sociedade para a dança teatral, a qual foi sendo introduzida nas cortes, nomeadamente o minueto, a valsa e assim sucessivamente até se iniciar a passagem para a dança em grupo ou em pares.
Sendo que hoje comemora-se o Dia Mundial da Dança, o livro em destaque reporta-nos à década de setenta, mais precisamente ao ano de 1970, ano em que foi publicado em Portugal um dos mais completos estudos sobre a dança em Portugal. José Sasportes, historiador de dança, lançou História da Dança em Portugal, uma edição da Fundação Galouste Gulbenkian. Neste livro, Sasportes apresenta o retrato de um país que também tem uma tradição ao nível da dança. Trata-se de uma viagem através dos tempos em que são evidenciados as várias explorações da dança em Portugal, passando pela dança tradicional, uma marca evidente da nossa cultura e que se reflecte as influências de cada região, até à introdução e sensibilização de outros géneros musicais, nomeadamente o ballet clássico. Aqui é de referir o papel e acção da Fundação Calouste Gulbenkian.
Ainda de José Sasportes podemos fazer referência a outros títulos nomeadamente, Trajectória da dança teatral em Portugal (1981), Pensar a dança - a reflexão estética de Mallarmé a Cocteau (1983 - versão italiana 1989), La scoperta del corpo - percosi della danza nel Novecento (1988), Balli teatrali a Venezia (1994, em colaboração com Elena Rufin e Giovanna Trentin) e Dançaram em Lisboa (1994, em colaboração com Helena Coelho e Maria de Assis).

«História da Dança em Portugal»
José Sasportes
Fundação Calouste Gulbenkian
1970

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