Um livro: «História da Dança em Portugal», que li atentamente em meados de 80. Era praticamente o único livro português que havia sobre Dança. O proprio Sasportes depois publicou o "Pensar a Dança", mais centrado e ensaístico, fruto do exílio dourado em Itália, em que elevava sobretudo o Modernismo dos anos 10, de Cocteau e Mallarmé, como um caminho estectico a se desenvolver para a contemporanea Dança Portuguesa. Sem crer o teorico estava a abrir as portas à Nova Dança de oportunistas e arrivistas que recusaram toda a tecnica e academismo, simplesmente porque não tinham nem uma coisa nem outra. Pudera, tinham acabado de chegar! Mas nem assim foram tão originais como isso, porque era sobretudo o Teatro Dança alemão que se copiava. (Pina Bausch, Companhia Rosas)
Sobre o livrinho pequeno, "Historia da Dança em Portugal", publica-se hoje no Jornal da Madeira, este artigo de Marisa Santos:
O acto de dançar pode ser definido como uma manifestação instintiva do ser humano. Já no período da pré-história existem registos de que o Homem executava movimentos ritmados, não só para manter a temperatura do corpo, mas também para comunicar.
A dança é considerada a mais antiga das artes, sendo ainda a única manifestação artística que dispensa quaisquer complementos, ou seja, a dança depende única e exclusivamente do corpo. Através do corpo e da vitalidade humana a dança poderá exprimir a desempenhar a sua função enquanto instrumento de afirmação dos sentimentos e experiências subjectivas do homem.
A dança está desde sempre associada ao amor, à conquista, à sedução, sendo que as primeiras manifestações estavam directamente relacionadas com a conquista do/da parceiro/parceiro.
As danças colectivas assumiam ainda, como acontece actualmente em alguns países que ainda mantêm linhas tribalistas, um carácter ritualista, em que as mesmas eram executadas com o intuito de adoração a entidades superiores, deuses, espíritos, com o intuito de agradar, adquirir forças para uma batalha ou então para aprovisionamento. De entre as várias danças aos deuses realizadas em períodos já passados, destaca-se a Dança da Chuva, comum a várias etnias e civilizações.
Com o apuramento da sensibilidade artística a definição do conceito da dança passou a ser encarado com atribuições estéticas. O Renascimento despertou a sociedade para a dança teatral, a qual foi sendo introduzida nas cortes, nomeadamente o minueto, a valsa e assim sucessivamente até se iniciar a passagem para a dança em grupo ou em pares.
Sendo que hoje comemora-se o Dia Mundial da Dança, o livro em destaque reporta-nos à década de setenta, mais precisamente ao ano de 1970, ano em que foi publicado em Portugal um dos mais completos estudos sobre a dança em Portugal. José Sasportes, historiador de dança, lançou História da Dança em Portugal, uma edição da Fundação Galouste Gulbenkian. Neste livro, Sasportes apresenta o retrato de um país que também tem uma tradição ao nível da dança. Trata-se de uma viagem através dos tempos em que são evidenciados as várias explorações da dança em Portugal, passando pela dança tradicional, uma marca evidente da nossa cultura e que se reflecte as influências de cada região, até à introdução e sensibilização de outros géneros musicais, nomeadamente o ballet clássico. Aqui é de referir o papel e acção da Fundação Calouste Gulbenkian.
Ainda de José Sasportes podemos fazer referência a outros títulos nomeadamente, Trajectória da dança teatral em Portugal (1981), Pensar a dança - a reflexão estética de Mallarmé a Cocteau (1983 - versão italiana 1989), La scoperta del corpo - percosi della danza nel Novecento (1988), Balli teatrali a Venezia (1994, em colaboração com Elena Rufin e Giovanna Trentin) e Dançaram em Lisboa (1994, em colaboração com Helena Coelho e Maria de Assis).
«História da Dança em Portugal»
José Sasportes
Fundação Calouste Gulbenkian
1970
domingo, abril 29, 2007
Dança em Portugal
Publicada por António Miguens à(s) domingo, abril 29, 2007
Etiquetas: Dança (Portugal), José Sasportes, Nova Dança
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