quarta-feira, maio 02, 2007

Mazelas

Bailarinos de dança clássica: no palco não se vêem as mazelas

Por LEONOR FIGUEIREDO, no Diário de Notícias

Problemas graves na coluna vertebral, nos joelhos e nos pés são apenas
alguns dos sérios contratempos com que se defrontam os profissionais da
dança clássica.

É por este e outros motivos que a Comissão de Trabalhadores da Companhia
Nacional de Bailado coloca hoje online uma petição para que o Parlamento
tenha conhecimento das reivindicações.

"São problemas de saúde específicos dos bailarinos de dança clássica que não
se comparam com outras danças, sem desprestígio para elas. Mas a verdade é
que sofremos muito com os ligamentos e os meniscos dos joelhos. É preciso ir
fazendo operações ao longo da vida. Porque? Porque desenvolvemos uma
musculatura que é anti-natural, através dos movimentos que fazemos", revela,
ao DN, José Carlos Oliveira, da comissão que quer sensibilizar o Governo
para a causa da única grande companhia de dança de repertório em Portugal,
com 30 anos de existência.

Não são apenas os joelhos que necessitam de intervenção especializada. "É
normal que os homens desenvolvam hérnias discais e há mesmo casos de pessoas
que ficaram sem os discos. As mulheres também arranjam deformações na coluna
sem falar nos problemas dos pés e tornozelos decorrentes de fazerem 'pontas
A densidade óssea de uma bailarina de 30 anos é semelhante à de uma mulher
de 60. Imagine-se o que é fazer dieta a vida inteira para se manter o corpo
ágil...", sustenta José Carlos Oliveira.

Comparam-se aos atletas de alta competição. "Trabalhamos todos os dias, das
09.30 às 18.30. Só temos um mês de férias. A nossa actividade é muito
intensa e não é sazonal", acrescenta o elemento ligado à UGT, através do
SIARTE, um sindicato de trabalhadores dos espectáculos.

A Companhia Nacional de Bailado tem 70 bailarinos, dos quais 15 estão em fim
de carreira, havendo ainda cerca de 20 que não poderão continuar a dançar
por muito tempo.

Um dos casos apontados é o de Ana Lacerda, uma das dez melhores bailarinas
da Europa em 2006 e condecorada, pelo então Presidente Jorge Sampaio, com a
medalha de mérito. "Ela diz que o físico já não aguenta, mas continua a ser
cabeça- -de-cartaz para tudo e mais alguma coisa", alerta José Carlos
Oliveira.|

De AM :

Desculpa lá ó Zé Carlos, mas vocês devem estar mesmo a passar-se que tão
ofuscados estão com as vossas reformas e reivindicações.

Se há actividades naturais podemos afirmar que é o Ballet genuíno. As aulas
de barra completa, com princípio meio e fim, nunca mataram ninguém, pelo
contrário. Mas é claro, e sabes bem, que há formas e formas de trabalhar.

Claro que todos sabemos que trabalhar à fuçanga, obedecer a coreografos
pouco escrupulosos e irresponsaveis, o ter de andar a tapar buracos anos a
fio nessas companhias. Enfim, aceitar ser carne pra canhão pra ter este ou
aquele papel. Claro que sabes do que estou a falar.

Estás perdoado pelo mau serviço que andas a prestar à Dança com esse tipo de
declarações.

Vai até aos estudios sérios (eu disse : sérios) de Ballet, convido-te para
apareceres na Casa do Artista, vem ver o entusiasmo com que dezenas de
crianças se aplicam na arte mais maravilhosa, aquela que não morre, cujas
tradições resistem aos imediatismos que se vivem cada vez mais nesta terra,
que é das melhores que há pra dançar , porque tudo está por fazer! Vem ver
os melhoramentos no desempenho académico por causa do Ballet, ver tomar
conhecimento que esta actividade é "receitada" por muitos ortopedistas.

Ninguem tem culpa do que vos fazem, do que vos fizeram.

Aceita um abraço deste que te admira desde Dezembro de 1982 no Conservatório
Nacional.

Cnb, José Carlos Oliveira, Ana Lacerda, Saúde (na Dança),

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