domingo, outubro 14, 2007

A Intermitência do Trabalho no Espectáculo

Tomei contacto em 1999, em Paris com a Marion Chopin e o Hassene Belaid de um mecanismo de Segurança Social, para trabalhadores do Espectaculo e do Cinema, em que um trabalhador ao ter um ano de trabalho, e em caso de desemprego no ano seguinte, recebia (e recebe) um subsídio mensal do montante igual ao que recebeu no ano anterior. O subsídio pára ao fim de um ano, e sempre que o trabalhador passe a auferir novas remunerações.São os "intermittents du spectacle". Durante as filmagens de les Thibault que tive em Almada, e numa noite de copos no Procópio com o actor Malik Zidi, o produtor francês do filme, uma assistente de adereços também francêsa (pronto, todos franceses, menos eu), e outras pessoas da equipa; rebenta uma discussão entre eles (acerca de cachet's sem se perder direito ao subsídio lá em França :)), e lá pelo fim tive uma aula sobre essa "segurança" mínima da politica francesa para a nossa àrea.

alguns links:

recebi esta achega do meu querido colega e amigo Actor Bruno Schiappa
o docUMENTO Dia de Sensibilização para a Intermitência (19 Outubro) é resultado da elaboração de uma equipa de trabalho que preside uma plataforma que há mais de um ano está a negociar com o governo a regulamentação de um estatuto profissional que enquadre os trabalhadores dos espectáculos como profissionais intermitentes. Nota em relação a propostas de alterações que não foram tomadas em conta:São muito pertinentes, mas não essenciais para esta fase: para ser lido em todos os teatros, nao podemos atacar a falta de horarios ou questoes que dizem directamente respeito à relacao patrao-trabalhador. Pelo menos para este evento. A questao de valorizar o relevo dos profissionais no desenvolvimento cultural e económico como mais valia que justifica a sua defesa é um bom argumento, mas muito economicista para o tipo de comunicado que fizemos e o ambito do mesmo (ser mais pessoal, directo...). Parece-me pessoalmente que ficamos assim com um comunicado curto, directo, coeso, sedutor.Uma equipa que representa a vontade de uma extensa aglomeração de profissionais dos vários sectores do espectáculo e que integra já um vasto elenco. Cada profissional foi expondo as fragilidades profissionais que considerava mais indignas e deu-se início a um processo que, esperamos, venha a ter resultados a curto/médio prazo na dignificação de uma profissão que apesar de tudo continua a ser vista como "usar e deitar fora" sem qualquer olhar mais dignificante ou dgnificado.Obrigado por lerem. BSAgora temos de continuar a convencer toda a gente!

agora o documento difundido na net
Dia de Sensibilização para a Intermitência
19 de Outubro de 2007
Este comunicado que hoje está a ser lido em vários eventos culturais do país representa o sentimento geral dos profissionais das artes do espectáculo e do audiovisual. Sabia que não há enquadramento jurídico que se adeque a estas profissões? Sabia que estes profissionais não podem estar doentes, grávidos, lesionados ou desempregados? Hoje é o nosso dia nacional de sensibilização para a intermitência. Dizemos que somos intermitentes porque o nosso trabalho é sempre descontínuo e temporário. Essa é a natureza das nossas profissões! Trabalhamos sucessivamente de projecto em projecto, com pessoas diferentes e isso implica a mobilidade dos profissionais e permite a diversidade das produções. Queremos ter acesso aos mesmos direitos e às condições básicas de qualquer trabalhador por conta de outrem. Como estes, somos profissionais especializados, cumprimos horários, num local de trabalho específico, sob a direcção duma entidade. Por todas estas razões, precisamos de uma definição legal de intermitência, que nos permita pagar a segurança social de acordo com o salário que recebemos e que nos proteja de situações de carência. Precisamos de um contrato de trabalho adequado à nossa realidade. No último ano, representantes das áreas da dança, do teatro, da música, do circo, do cinema e do audiovisual têm vindo a apresentar e a defender propostas concretas sobre esta questão. Esperamos que este esforço resulte numa lei que nos sirva a todos. Lembrem-se que apagadas as luzes da ribalta existe uma realidade que não pode continuar a ser ignorada. Muito Obrigado e Bom Espectáculo!


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