domingo, janeiro 21, 2007

Dança e Loucura

in Diario do Nordeste, Ceará, Brasil
Selecionado pelo Programa Rumos, do Itaú Cultural, o cearense Graco Alves conclui a montagem de “Magno-Pirol: o corpo na loucura”

Há muito, o suposto corpo insano tem feito os palcos reajustar suas idéias. O francês Antonin Artaud (1896-1948), por exemplo, teve seu teatro brutalmente demarcado pelos anos em que vivera recluso em hospitais psiquiátricos. Assim, deixou de herança à escrita cênica, um corpo rebelde, disforme, intrigante e, ao mesmo tempo, fascinante. Artaud, porém, não é caso único: a arte e a dita loucura nunca esconderam afinidades.

O cearense Graco Alves sabe bem disso. Transitando entre o teatro e a dança, faz questão de lembrar ainda o bailarino e coreógrafo russo Vaslav Nijinsky (1890-1950), com narrativa de vida também marcada pela passagem por manicômios. No entanto, não é como ode a gênios incompreendidos que ele alinhavou as cenas de “Magno-Pirol: o corpo na loucura”.

Premiado pelo Programa Rumos, do Itaú Cultural, ele diz ter voltado seu olhar para o que chama de “louco comum” (o que não, vale dizer, significa nenhum viés estereotipado). “Em pleno século XXI, com todo o avanço da ciência, a loucura ainda é um dilema na sociedade. Os jornais estão sempre noticiando casos de pessoas com transtornos mentais sendo mantidas em cárcere privado por suas próprias famílias. É este corpo negado socialmente que me interessa”, afirma o bailarino e coreógrafo.

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