sexta-feira, novembro 30, 2007

Despejados


Companhia de dança despejada do palácio

MIGUEL A. LOPES / LUSA

Palácio albergava sete bailarinos e um guarda, mas a polícia diz que havia perigo iminente de catástrofe
APolícia Municipal (PM) iniciou, ontem de manhã, uma operação de despejo do espólio da Companhia de Dança de Lisboa (CDL) do Palácio dos Marqueses de Tancos, em Lisboa. Segundo fonte camarária, a CDL tinha sido notificada pela autarquia do despejo, tendo 90 dias para sair. No decurso da acção, os ânimos aqueceram e o director da companhia acabou por ser detido, acusado de agredir uma agente polciial.
Segundo André Gomes, comandante da PM, existia "perigo iminente de uma catástrofe", dado o mau estado em que se encontravam as instalações à guarda da CDL, fundada em 1984 por José Manuel Oliveira. Várias botijas de gás, fritadeiras eléctricas, uma delas em funcionamento, cabos eléctricos descarnados, ligações eléctricas precárias, foram algumas das situações encontradas pelos agentes.
José Manuel Oliveira, que foi detido após ter agredido uma agente, foi presente ao Ministério Público, acabando por sair em liberdade ao final da tarde. "A agressão foi um gesto irreflectido quando fechava o portão", reconheceu.
Ainda assim, o responsável não poupou críticas à Câmara de Lisboa. "Estou sem nada. Apenas com a roupa que tenho no corpo. Não tenho os meus produtos de higiene nem os meus medicamentos", referiu, acrescentando sentir-se "humilhado" pela autarquia. Qualificou ainda o despejo iniciado ontem, que hoje deve prosseguir, como "um acto nazi" porque, justificou, "não respeita os direitos de uma instituição que dignificou este palácio". Relativamente aos bailarinos também desalojados, afirmou não ter conseguido "entrar em contacto" com eles e manifestou-se "preocupado com a imagem que tudo isto dá de Portugal", já que três deles são mexicanos, dois belgas e uma luso-canadiana.
O espaço ocupado pela companhia no Palácio dos Marqueses de Tancos, edifício do século XVI que sobreviveu ao terramoto de 1755, servia para habitação de sete bailarinos e um guarda, que foram igualmente desalojados. A questão do acolhimento do guarda, um homem de 78 anos, que não era funcionário camarário, "está a ser tratada entre a Câmara e a Santa Casa da Misericórdia", disse o director municipal da Cultura, Rui Pereira.

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